segunda-feira, setembro 05, 2005

O Jantar

Checou pela última vez na geladeira a temperatura exata do vinho antes de voltar para a sala, não sem antes conferir os pratos e velas dispostos harmonicamente na mesa de jantar. Tudo estava pronto para ser especial, a pessoa que esperava era a mais especial de todas! Era aquela que fazia sua vida ter sentido, seus dias serem mais alegres e seus momentos mais inesquecíveis.

Aquele era mais um dia dos namorados que passariam juntos. Quantos anos já compartilharam juntos? Muitos... Ainda não tinham definitivamente se casado porque faltava algum suporte financeiro, mas seria coisa de pouco tempo até o momento decisivo.

Tinha passado todo o dia preparando aquele jantar especial. Ele trabalharia em outra cidade, não poderiam passar o dia juntos, mas que pelo menos pudessem ter alguns momentos juntos naquela noite. O prato predileto, velas, vinho, sobremesa, um bom filme para assistirem depois, colcha nova na cama... Tudo para que ele tivesse ótimas recordações daquela noite.

Passara a tarde também se arrumando – salão de beleza, vestido novo, um pouco de maquiagem. Afinal, ele não merecia ter a namorada mais bonita do mundo? Não queria ver o sorriso de agrado e surpresa dele e um sincero “como você está bonita!”.

Olhou o relógio. Oito e meia, ele já devia estar chegando. Respirou fundo e sentou-se em um dos sofás, olhando as luzes da cidade pela janela e esperando por seu amado. Um sorriso iluminava seu rosto, gerado pela expectativa da noite que chegava.

Oito e quarenta e cinco. Onde ele estava? Deveriam ser os engarrafamentos da cidade, pensou. Ligou a televisão para assistir o resto do jornal, certamente passaria alguma coisa sobre trânsito nele. Dentro de pouco tempo ele chegaria...

Estava começando a se irritar quando a novela terminou e ele ainda não tinha chegado, cerca de uma hora e pouco depois. Quem ele pensava que ela era por um acaso, que estava ali para ficar plantada pelo resto da noite esperando por ele? Que ela tinha cozinhado à toa, passado o dia se arrumando à toa? Como ele podia ter tão pouca consideração daquela forma? Pegou o celular e apertou algumas teclas, apenas para ouvir que aquele número estava desligado ou fora de área. Quase arremessou o aparelho na parede.

Pegou o controle-remoto e começou a trocar de canal freneticamente. Não queria ver TV, queria estar junto de seu amado! Pouco importava qual programa estava passando, queria que ele estivesse ali naquele momento, que falta de consideração com ela! Tirou as sandálias para poder deitar no sofá e ver algum filme interessante que tinha encontrado, pelo menos assim se distraía um pouco enquanto aquele desalmado não chegava.

Era meia-noite em ponto quando percebeu que estava com fome. Não, aquele jantar era especialmente para ele, não podia fazer isso! Mas, pensando bem... Naquele horário ele ainda não tinha chegado! Será que ele tinha se esquecido? Pegou o celular novamente para novamente ter um acesso instantâneo de fúria. Ligou para o telefone da casa dele – quem sabe ele não tinha esquecido? -, mas ouviu o telefone chamar e chamar e ninguém atender. Será que aquele desgraçado sem consideração tinha saído com os amigos e se esquecido dela? Ao pensar nisso caminhou em fúria até a cozinha, onde devorou parte do jantar especial. Se ele não tinha consideração ela também não tinha que ter!

Voltou para sala, bufando de raiva. Ele que esperasse de novo jantarzinho especial, filminho e noite romântica de novo, ele que esperasse! Porque depois daquele bolo iria ficar sem!

Foi perceber que tinha adormecido no sofá apenas quando o clarão de um relâmpago atravessou a janela, acordando-a. Uma grossa tempestade, iluminada a todos os momentos por raios apavorantes e trovões assustadores, caía. Naquele momento, sentiu como se uma lança atravessasse seu coração. Em todos aqueles anos, seu amado nunca deixara de avisar quando precisaria se atrasar, quando tiver algum problema, quando algum imprevisto ocorrera! Naquele momento também se lembrara de que naquele dia ele tinha ido a outra cidade, teria de enfrentar a estrada para poder vê-la... Será que tinha acontecido algo de grave?

Ao pensar nisso, sentiu as lágrimas rolarem por seu rosto e estragarem o que tinha sobrado da maquiagem. Tinha sido tão injusta em pensar que ele se esquecera! E como estava agoniada, pensava em acidentes de carro, ambulância, más notícias... Não, não podia ser! Como desejava tê-lo perto de si, seria capaz de abrir mão da eternidade para tocá-lo naquele momento, diante de tantos pensamentos ruins!

Depois de algum tempo chorando, que não foi capaz de mensurar, foi surpreendida pelo toque suave da campainha. Rapidamente correu para abrir a porta, apenas para vê-lo do outro lado com um buquê de flores já murchas e com a roupa molhada pela suja. Abraçou-o com toda sua força, enquanto sentia as lágrimas voltarem. Como aqueles braços gelados pela chuva pareciam reconfortantes naquele momento! Sentiu a mão dele percorrer seus cabelos e sua voz dizer:

- Deixei você preocupada? Desculpe, desculpe... O pneu furou no meio do caminho, tentei te avisar mas o celular não pegava de jeito nenhum. Mas vim aqui, não podia deixar nosso jantar de lado.

- Não tem importância... – E não tinha mesmo.

Sentiu que ele a afastava de leve e a observava, sorrindo. Olhos inchados de tanto chorar, maquiagem borrada, cabelos despenteados por ter adormecido! Sentiu uma vergonha enorme de recebê-lo daquele jeito.

- Você está linda! – Disse ele, o mais sinceramente possível.

Abraçou-o, sorrindo e chorando. Era por isso que estavam juntos já há tanto tempo, comemorando com tanto entusiasmo mais um dia dos namorados.

***

Sim, sei que alguns já leram esse texto antes, mas realmente gosto muito dele.
Não houve tempo hábil para preparar algo inédito, mas espero que este seja do agrado de vocês. ^^

Até terça que vem!

8 comentários:

Anônimo disse...

...
comenta em meu espaço ae!!
http://spaces.msn.com/members/gladiusbrazil/

Anônimo disse...

http://spaces.msn.com/members/gladiusbrazil/

Alexandre Lancaster disse...

Eu já li, mas... mostra bem sua especialidade, contos mais românticos.:)

Anônimo disse...

Eu já tinha lido, mas leio de novo, pq fofo esse texto é!!
Bjocas da fã nº 0

Anônimo disse...

Adorei o texto... Não tinha lido antes... T+

Anônimo disse...

Está legal, mais simples, direto...

Anônimo disse...

Olá Aninha,
Muito romantico, menina... gostei muito viu? E olha que para eu gostar de algo romantico nestes dias tem quer muito autêntico, viu?
Abraços

Anônimo disse...

Carol, adorei o texto. Ainda naum tinha lido esse... Naum foi nada muito profundo, foi um texto bem simples, mas nada que tirasse sua grandiosidade. gostei msm!^^