terça-feira, agosto 23, 2005

Imperatriz

A luz do dia iluminava o piso de mármore, fazendo com que toda a sala ganhasse um belo brilho amarelo de fim de tarde. Com passos delicados, uma dama atravessava de leve aqueles corredores, com toda a graça e elegância adquiridas na vida diária na corte. O sol fazia com que o belo vestido dourado brilhasse e que os cabelos castanhos presos em uma longa trança ganhassem uma tonalidade mais clara, como se ela própria fosse uma jóia entre aqueles corredores.

Jóia... Podia ser considerada bela e realmente o era, mas não era o aspecto físico seu maior trunfo. Além do que, era uma bela peça de decoração como rainha, era um belo adorno ao lado de seu rei. Estava casada com um homem que tinha idade para ser seu pai e não por amor, mas por jogos políticos que estavam fora de seu controle. Era a herdeira de parte do mesmo clã, o casamento era uma ótima jogada para ambos os lados. Era pouco mais do que uma menina, não podia fazer mais do que consentir e preparar-se para a união.

Por uma dessas ironias do destino, fora se apaixonar pelo filho dele... Era um belo rapaz que fazia seu coração pulsar, mas era um amor muito mais do que proibido. Era rainha, madrasta e, o que realmente fazia diferença, não era vista com olhos de desejo por seu amado...

Quem se importava com isso? Entre nobres havia política, não amor. Era secundário – sempre poderia ter os amantes que desejasse caso soubesse como agir, apesar dessa não ser sua vontade.

Além do que, havia mais a ser cultivado do que simplesmente uma paixão. Tinha desejo pelo poder, de ser muito mais do que uma consorte de decoração, mas rainha e imperatriz. Ter o poder de uma galáxia em suas mãos, ter a força de um império sob seu comando! Ser muito mais do que simplesmente a figura secundária que fora criada para ser, mas a estrela máxima diante da qual todo o resto orbitaria.

E, caso seu objetivo fosse alcançado, até mesmo uma paixão poderia ser correspondida. Rei morto, rei posto, vida longa ao novo rei; não era esse o lema? Não seria rainha se fosse viúva, mas certamente as circunstâncias lhe seriam favoráveis durante a sucessão real. Certamente um casamento seria arranjado com o príncipe herdeiro – em intenções, casamento de fachada, mas com o potencial de ser muito mais do que isso.

Deliciava-se ao pensar nisso. Certamente haveria intrigas e burburinhos durante a sucessão, assim como alguma ala do clã que desejasse o poder – mas tentaria pôr toda a força política de seus pais e sua própria para que se casasse com o príncipe herdeiro, seu amado, colocando-o no trono e reinando a seu lado. Seria mais fácil depois disso alimentar seus objetivos pelo poder, estaria tão próxima! Conquistaria muito mais do que seu coração, mas também a possibilidade de um poder repartido, de ser mais do que simplesmente sua consorte para governar a seu lado.

Os passos suaves foram interrompidos pelo barulho de uma pequena coisa que caía no chão, o que provocou uma pequena alteração nos belos olhos causada pela surpresa e fez com que a coluna se curvasse e as mãos tateassem o chão para que pegasse o objeto que havia derrubado. Um pequeno frasco contendo algum medicamento.

Colocou-o depressa em uma das dobras de seu vestido, lugar de onde não deveria ter caído. Deveria lembrar-se de consumi-lo nos horários recomendados, era apenas um pequeno problema de saúde sem conseqüências maiores que demandava cuidados. Não seriam seus desejos e ânsias pela sucessão que a tornariam uma assassina, pelo menos não naquele momento. Haveria tempo para tudo futuramente...

Após ajeitar-se, continuou seu caminho pelos corredores. Se agisse corretamente, teria a pessoa que amava em seus braços dentro de muito breve. Mais do que isso, junto dela estaria o poder que tanto ambicionava e o trono que tanto desejava.

Afinal... Seu maior trunfo era sua astúcia.

***
Tudo bem. Não está muito bom...
Estava preparando, na verdade, OUTRO texto para essa semana, mas seria uma trinca de textos melancólicos, então achei melhor guardá-lo para uma ocasião vindoura.
Esse texto foi inpirado por Princes of the Universe, do Queen, e por uma conversa dominical a respeito de "lugares onde você gostaria de estar". Acabou que ouvindo a música e após a conversa ficou um pouco claro para mim o que escrever.
Visualizei um universo que não é meu - esse texto é uma adaptação livre de certa obra de certa pessoa. Não é homenagem digna ao autor, mas serve como desafio: uma obra digna de virar e dizer: "Fiz para você.".

Então... até terça que vem!

8 comentários:

Alexandre Lancaster disse...

Eu gostei, pura e simplesmente. É um maquiavelismo diferente do da personagem original(sim, eu sei do que você está falando), porque é temperado com ambição. Mas é bem interessante...

Anônimo disse...

Muito legal o texto. Não conheço a obra pela qual você se inspirou para fazer essa, por isso não posso fazer uma comparação.
Mas posso sim fazer um elogio e dizer que ficou muito interessante. É o tipo de história que você quer saber mais...

Unknown disse...

Um bom começo.
Mas cadê o resto? Fiquei curiosa!:D

Beijos

Ana

Anônimo disse...

fofo o texto!!!!!! :)
vc descreve as coisas. a gente sente o q se passa... profundo.

Anônimo disse...

Bom, o texto foi rápido, qdo eu pensei que ia começar....Puf, acabou, mas mesmo assim foi mto bom!

Bjocas!!

Anônimo disse...

Texto legal, mas sua suavidade me irrita.

Anônimo disse...

Quando disse que a suavidade do texto me irritava é que tudo nele é etéreo, vago, impreciso, incompatível com ambição e poder. É claro que a mulher deveria ter feito alguma coisa mais concreta, e o frasco caindo era de remédio!Ah, suave demais...

Anônimo disse...

aew
...saudações...
comente em meu blog tb...
...imperatriz menina??