terça-feira, julho 26, 2005

Folha

As folhas se moveram depressa, formando um redemoinho antes de serem totalmente levadas pelo vento para o alto, para longe de minha vista ou meu alcance. Antes disso, porém, coloquei a mão sobre o rosto, protegendo meus olhos de qualquer resquício de poeira que pudesse atingi-los enquanto a ventania durou, apenas para poder olhar com mais clareza para frente após seu término.
Senti como se uma pedra de gelo percorresse minha espinha devagar, sem a menor pressa de se derreter ou deixar-me... Estava parado diante do caminho que deveria escolher – apenas um. Era apenas uma única escolha possível, uma única rota possível, um único rumo possível.
Era a busca de meu destino, daquilo que escolhi ser meu destino. Não fora fácil desvencilhar-me de várias amarras, superar vários obstáculos e vencer vários desafios antes de partir para a maior rota de todas: aquela que eu mesmo construiria através de cada passo dado.
Poderia simplesmente ficar parado em minhas terras, em meu lugar, sem buscar nada diferente de tudo aquilo que sempre tive. Poderia escolher uma vida pacífica, sem riscos, sem muito além daquilo que me era oferecido, do que sempre me foi oferecido. Poderia acalmar meu corpo e meu coração em apenas um lugar, sem me preocupar em buscar ou descobrir o que havia fora de lá.
Mas esse não seria eu.
Fechei os olhos devagar e respirei fundo antes de olhar a estrada que se bifurcava e as duas rotas possíveis. Fora necessária coragem para reunir sonhos, esperanças e principalmente força de vontade e partir rumo ao desconhecido. Fora necessário abrir mão de coisas tão importantes, eleger prioridades, fazer escolhas.
Porém, no fim, não era sempre nas escolhas que tudo terminava? Tudo da vida não partia de uma escolha feita? De pequenas a grandes coisas: a malha de meu destino é tecida com os fios de minhas escolhas.
Nova ventania atingiu-me pelas costas, levantando mais algumas folhas. Era meu desejo ser como elas: livres, levadas pelo vento para qual lugar fosse.
Talvez era melhor considerar aquilo como um sinal. Respirei fundo e, pronunciando algumas palavras de incentivo a mim mesmo, segui o rumo por onde as folhas foram, a estrada escolhida por elas para um rumo desejado, porém desconhecido.
Porque meu destino é ser livre como uma folha levada ao vento.
***
Para começar.
Layout-padrão, mas por enquanto é funcional.
Até a próxima terça e espero que gostem!

7 comentários:

Anônimo disse...

*Parando de upar seu guerreiro por alguns instantes*
Excelente, belo exemplo de pegar uma palavra e desenvolver um tema em volta dela, usando multiplos sentidos, muito bom mesmo!

Anônimo disse...

Oi Ana,
Gostei muito do texto, tem personalidade e presença de espírito.
Ele possui originalidade e um estilo literário que começa a aflorar.
Continue escrevendo! Vou estar sempre aqui lendo seus textos!
Abraço,
Raphael Magno

Anônimo disse...

eu tb quero um blog! só não sei quando vou dar conta!

continue assim!

vc escreve muito bem! quero continuar a brindar toda semana.

escolhas.
vento.
folhas.

Márcio "Mazur" Gonçalves disse...

Muito bom. Sabe que eu acho que seu estilo tem mais a ver com fantasia do que com sci-fi?
Acho que te falei que estava pensando em fazer algo tipo o sci-pulp mas de fantasia, quem sabe você topa.

Por falar nisso eu tenho que terminar o MEU livro de fantasia...(que está 90% pronto...)

Anônimo disse...

Simplesmente você continua inigualável com as palavras, muito mais madura, mas continua sendo a garota com quem eu sempre conversava sobre literatura.

Anônimo disse...

Mamãe.....caramba, cara....Tu é profética...
Ok, ok, nada de mais brincadeirinhas, mas foi irresistível, confesso.
Porque seu texto tocou na minha ferida??Porque??Porque??
Droga, já vou indo pegar o lencinho, quer dizer, lencinho não, vou pegar minha armadura!!
Bjo!!

Unknown disse...

Ei xará, parabéns pela iniciativa, adorei!

Beijo

Ana Quindim da Borgonha