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Depois de horas de
preliminares, o rio Amazonas estava entre minhas pernas. Então,
naturalmente, nos colocamos na posição de nossos ancestrais: de
milhares de gerações atrás, quando ainda éramos quadrúpedes. O
instrumento dele era roliço e quentinho e logo naufragou em minhas
águas, debatendo-se como uma tainha na rede.
Minha vontade era
gritar todas as obscenidades possíveis, mas só tinha forças para
gemer e suspirar. Minha boca ainda estava dormente pelo jogo de
sedução, talvez isso tenha interferido. Não pensei em nada e nem
fiz comparações, pois quem pensa em coisas, faz comparações e
filosofa sobre a vida nessa hora está perdendo o melhor da ação e
seus pequeninos detalhes. Grandes detalhes, no caso, enormes.
O clímax veio
acompanhada de uma vontade irresistível que partia de meu âmago:
uivei. Como a criatura ancestral incorporada, em homenagem a ela. Os
cachorros da vizinhança prontamente uniram-se ao meu louvor, as
forças da natureza mais uma vez renovadas.
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