tag:blogger.com,1999:blog-148482452024-03-07T14:59:16.307-08:00Contos da Prisão de VidroUm blog bissexto.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.comBlogger59125tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-89269631646093027452012-08-21T22:57:00.002-07:002012-08-21T22:57:18.385-07:00Pequena Cena de Sexo CretinaEm homenagem ao best-seller do momento.<br />
<br />
***<br />
<br />
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Depois de horas de
preliminares, o rio Amazonas estava entre minhas pernas. Então,
naturalmente, nos colocamos na posição de nossos ancestrais: de
milhares de gerações atrás, quando ainda éramos quadrúpedes. O
instrumento dele era roliço e quentinho e logo naufragou em minhas
águas, debatendo-se como uma tainha na rede.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
Minha vontade era
gritar todas as obscenidades possíveis, mas só tinha forças para
gemer e suspirar. Minha boca ainda estava dormente pelo jogo de
sedução, talvez isso tenha interferido. Não pensei em nada e nem
fiz comparações, pois quem pensa em coisas, faz comparações e
filosofa sobre a vida nessa hora está perdendo o melhor da ação e
seus pequeninos detalhes. Grandes detalhes, no caso, enormes.</div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm;">
O clímax veio
acompanhada de uma vontade irresistível que partia de meu âmago:
uivei. Como a criatura ancestral incorporada, em homenagem a ela. Os
cachorros da vizinhança prontamente uniram-se ao meu louvor, as
forças da natureza mais uma vez renovadas.</div>
Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-91508787100346933552011-07-04T15:56:00.001-07:002011-07-04T15:56:51.712-07:00Um martelo capaz de quebrar uma prisão de vidro.<br />
Onde ele está?<br />
E por que apesar das rachaduras, essa prisão só se rompe pela parte de dentro?Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-75215998468122207342011-07-01T20:47:00.001-07:002011-07-01T20:47:09.785-07:00Haicai contratualUma procuração<br />
Nela, te outorguei<br />
O meu coraçãoAna Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-11597233129996711912011-05-31T19:37:00.001-07:002011-05-31T19:37:18.002-07:00A Questão Última<div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;">- Você é o primeiro humano que consegue nos encontrar nos últimos trezentos anos!</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> O rapaz sorriu em um misto de orgulho e respeito. Empreendera uma longa jornada para conseguir encontrar o legendário Oráculo capaz de responder a todas as perguntas: pesquisara nas bibliotecas mais cheias de ácaro, buscara relíquias nos museus mais decadentes, viajara por todo mundo para encontrar as pistas perdidas que o poderiam levar à localização exata daquele lugar.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> Fora um jogo de sorte encontrá-lo quando seus suprimentos já estavam no fim. Sabia, por suas pesquisas, que a localização do prédio seria alterada assim que saísse dele para que, no futuro, outra pessoa pudesse encontrá-lo para responder ao seu mais profundo dilema.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> A arquitetura do prédio lembrava a de um templo grego e as duas garotas que o receberam na entrada daquele lugar tinham um quê de etéreo, como se não pertencessem ao mundo. Bom, na verdade não podia dizer se pertenciam ou não. Andavam em silêncio pelo corredor até chegarem a um portal. Quando o atravessasse, poderia fazer a pergunta que tanto o angustiara por toda a sua vida.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> - Conhece as regras – uma das garotas disse.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> - Uma única pergunta e uma única resposta, nada mais lhe é permitido.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> O rapaz assentiu com a cabeça. Pelo que lera, sabia que apenas aqueles realmente angustiados seriam capazes de encontrar o Oráculo, que daria a resposta correta a apenas uma pergunta. Deveria escolhê-la bem, apesar de ser tão óbvia que não daria margem a interpretações equivocadas.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> Respirou fundo e entrou na sala. Era um grande e amplo salão, mas que continha apenas uma almofada e uma senhora sentada sobre ela. Talvez ela possuísse a mesma idade da humanidade, dada a quantidade de rugas e manchas e os poucos fios de cabelo branco ainda presentes. O rapaz ouviu sua voz, surpreendentemente firme e melodiosa:</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> - Faça a sua pergunta agora.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> Ele respondeu fundo, retirando de sua mochila uma bandeira de um verde, amarelo e azul intensos e outra azul-celeste e branca e as apertou com força junto ao coração. Podia perguntar o que quisesse: qual a ação mais rentável a longo prazo que o pudesse deixar rico, como conquistar a mulher de sua vida, o que fazer para se tornar eternamente feliz. Entretanto, uma pergunta o angustiara por toda vida, dividido entre seus pais de nacionalidades diferentes. Não tinha idade para tirar a dúvida pessoalmente – e ter convivido desde sempre com as opiniões mais diversas não ajudara muito. Nunca poderia usar argumentos para provar a resposta, mas apenas saber qual era a correta já lhe tiraria um grande peso do coração.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> Respirou fundo.</span></span></div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" class="western" style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <span style="font-family: Times New Roman,serif;"><span style="font-size: small;"> - Afinal, quem foi melhor: Pelé ou Maradona?</span></span></div>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-52964281563353461282010-12-13T20:57:00.001-08:002010-12-13T20:57:27.132-08:00O Louvar de NixNix, minha amante, minha sede, minha musa, o manto negro que percorre-me e acaricia-me, que acalma minh'alma e clareia minha mente.<br />A ti entrego-me, teu abraço espero e em teu regaço refugio-me.<br />Guarda-me até que a Aurora rompa o céu com seus róseos dedos e inspira-me em teu silêncio e frescor a percorrer o invólucro de meu próprio eu.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-31026601271506545862010-07-15T19:03:00.000-07:002010-07-15T19:09:27.122-07:00História Inominada - Primeiro capítulo descartadoEsses posts são especiais para todos aqueles que querem saber O QUE RAIOS é História Inominada. É uma história longa que ando escrevendo e que anda mudando de formato nos últimos nove anos.<br /><br />Estou mostrando o primeiro capíulo porque essa versão foi DESCARTADA. Mudei idades de personagens, nomes, motivações, eventos, enfim, tudo, para que a história fique menor, mais coesa e faça mais sentido. Várias tramas paralelas e personagens foram eliminados, a trama principal ganhou outros contornos e tudo foi repensado e remodelado.<br /><br />Por isso, resolvi mostrar o primeiro capítulo, <span style="font-weight: bold;">já descartado</span>(o novo está em fase de últimos ajustes e fica guardado para quando o texto todo sair - ou quem sabe antes disso?). Então lá vai. Divirtam-se!<br /><br />***<br /><br /> Dor. A única sensação experimentada naquele momento era a aflição de todo o seu corpo. A respiração ofegante e pesada, as mãos ensopadas de uma mistura de sangue e terra estendidas em sua frente, a sensação de que todo o seu ser se esvaía por cada um de seus poros naquele instante.<br /> No rosto, filetes de lágrimas escorriam, fazendo uma pequena trilha sobre o rosto sujo. Experimentava em sua mente um desespero indescritível: não sabia explicar se era causado pela dor física ou por ter visto todo o mundo que conhecia e amava desabar diante de seus olhos naquele dia. Uma única certeza a trespassava: todos os seus esforços foram em vão, se é que não contribuíram de forma decisiva para o fim. Tudo aquilo que amara, respeitara, cultivara e reverenciara estava lentamente deixando de existir, sua própria vida se esvaía com rapidez. Falhara, miseravelmente, quando tentara salvar e proteger.<br /> Uma doce voz atraiu por alguns instantes sua atenção:<br /> - Não precisa ter medo, minha criança.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-46254733250905821172010-07-15T19:02:00.000-07:002010-07-15T19:03:17.057-07:00Amostra - pt 2Sabrina abriu os olhos depressa, demorando alguns instantes para perceber que acordara de um sonho. “Não é possível”, pensou enquanto se sentava na cama e encarava as mãos perfeitamente limpas, da mesma forma como havia ido dormir na noite anterior. Tinha sido real demais para apenas um sonho, pudera sentir a dor e a angústia em cada partícula do seu corpo. <br /> Ao olhar para o relógio no criado-mudo ao lado da cama, percebeu que era madrugada. A descoberta foi acompanhada por um longo suspiro: ainda podia sentir o eco de todas as sensações experimentadas percorrê-la, seria incapaz de dormir novamente. Encolheu-se, abraçando as pernas e apoiando levemente a cabeça nos joelhos, com os olhos fechados. Por que se incomodar tanto assim com um mero pesadelo? Talvez, pensou ela, porque não fosse apenas um sonho. Abraçou as pernas com mais força enquanto lembrou-se, angustiada, dos acontecimentos estranhos que a rodeavam desde a infância. <br />Saber o que uma pessoa diria instantes antes que a mesma o dissesse, conhecer perfeitamente algum lugar sem nunca antes ter sequer ouvido falar nele, intuir dados e respostas de problemas antes mesmo de terminar de ler seus enunciados. Meras coincidências, diziam seus pais, fruto de seu raciocínio aguçado de criança superdotada. Para eles era desconcertante perceber que a filha falava, andava e raciocinava mais rápido do que as demais crianças de sua idade, quase como se para ela as pequenas descobertas da infância não representassem uma novidade tão grande assim. <br />Com dois anos, começara a ler, um pouco antes de três, já estava realizando operações matemáticas. Seus pais, assombrados, levaram-na para consultar-se com especialistas em superdotados – e com três anos Sabrina já tinha iniciado a escola. Aos doze, terminara o ensino médio e, incentivada pelos pais, começara a faculdade de farmácia – não que aos doze anos uma pessoa pudesse fazer uma escolha que já era difícil aos dezoito, mas para que pudesse prosseguir seus estudos em uma área que se sentisse atraída a estudar. Terminara a graduação no fim do ano anterior, com seu trabalho final publicado nas mais renomadas revistas científicas internacionais, coisa que certamente encheria de orgulho seus pais.<br />Este era um dos acontecimentos estranhos aos quais se referira mentalmente. Aconteceu alguns meses antes de sua formatura. Os pais fariam uma viagem a trabalho e, quando lhe contaram, a reação foi imediata: começou a gritar e chorar em desespero para que eles não fossem, pois seria uma viagem sem volta. Entretanto, por mais que chorasse e gritasse, não lhe deram ouvidos. Apesar de superdotada, ainda tinha quinze anos, não estava imune a chantagens emocionais para que os pais pudessem ficar com ela. Mas não era nada disso, queria impedir que uma tragédia acontecesse! Mas, como raramente lhe davam ouvidos, no dia marcado os pais foram viajar – e, conforme previsto, foram vitimados por um acidente. <br />Não sabia se chorava pela perda ou por não ter sido convincente o suficiente para impedi-los de partir. Mas, como ainda tinha sua própria vida para tomar conta, ficara no apartamento enorme e cheio de lembranças até o aniversário de dezesseis anos, quando pudera alugar o apartamento pequeno em que atualmente morava. Não quis morar com nenhum parente - a bem da verdade nenhum dos poucos parentes distantes demonstrou algum interesse em acolhê-la - e em seu íntimo, era melhor mesmo ficar sozinha. Afinal, não tinha nenhum amigo ou pessoa próxima, por que deveria compartilhar sua vida com estranhos?<br />Após a formatura, um de seus professores, que fora amigo de seus pais e se afeiçoara a ela, encaminhou-a para trabalhar no Instituto Andrade, que estava desenvolvendo um projeto semelhante àquele que ela desenvolveu na universidade. Para ela estava ótimo, afinal estaria dentro do laboratório, que era o que mais gostava de fazer, e poderia esperar o passar dos anos – qual empresa contrataria uma garota de dezesseis anos para seus quadros?<br />Ao olhar novamente para o relógio, suspirou profundamente: quatro da manhã e não conseguiria dormir de novo...<br />Depois de mais algumas horas de divagações, percebeu que a luz do sol invadia lentamente seu quarto, para lembrá-la de que precisava se levantar e ir trabalhar. Em um pulo, a garota já estava no banheiro, atirando as peças do pijama no chão. Abriu o chuveiro e, sem hesitar, entrou de uma só vez. Era bom sentir a água batendo em seu corpo... Tinha altura mediana e fazia o tipo mignon – e como torcia para que pudesse ganhar alguns centímetros de altura e vários de seios e quadris até sua fase de crescimento terminar! <br />Saiu do banho rapidamente e enrolou uma toalha nos cabelos molhados. Vestiu a primeira calça jeans e a primeira camiseta que encontrou em seu guarda-roupa e calçou um par de tênis, antes de sentar-se próxima à penteadeira antiga, que já estava na família há várias gerações. Remexendo uma gaveta, achou um tubo de corretivo, que passou na região dos olhos para tentar camuflar as olheiras: a pele clara não era favorável para escondê-las a contento, além de que os olhos verdes atraíam bastante a atenção para seu rosto. <br />Após um rápido café da manhã, desenrolou os cabelos com uma rápida interjeição de desgosto: aquela era sua luta diária, tentar arrumar os cabelos longos, com algumas leves ondulações e de um tom loiro-escuro, mas que eram terrivelmente armados! Após penteá-los, jogou um prendedor dentro de sua bolsa e decidiu que já estava pronta para sair.<br />Não morava a mais do que três quadras de distância da estação de metrô que, como na maioria dos dias, estava lotada. Com mais meia hora de viagem e dez minutos de caminhada, estava entrando no prédio onde trabalhava, cumprimentando alegremente o porteiro. Ao caminhar rumo ao laboratório, repassava mentalmente as tarefas do dia: precisava verificar o andamento de seu experimento, conferir a lista de materiais, analisar como as cobaias estavam reagindo... Era difícil lembrar-se de tudo ainda incomodada pelas imagens do pesadelo de algumas horas antes, mas não podia deixar que sua vida fosse atrapalhada por sonhos mais realistas do que o habitual... <br />Nem percebeu que já estava no laboratório e vestia o jaleco, enquanto Amanda, a outra funcionária, a cumprimentava gentilmente. Respondeu ao cumprimento em um modo automático, enquanto aproximava-se da estufa onde deixara os reagentes no dia anterior. Era impossível parar de pensar, era impossível não sentir o cheiro do sangue enquanto analisava uma amostra no microscópio, não pensar no sofrimento enquanto ouvia a colega conversar com alguma outra pessoa que viera verificar alguma coisa naquele laboratório, não sentir a dor da morte em seu corpo enquanto pesava os camundongos e verificava como estavam indo! E o desespero de quem tinha visto seu próprio mundo ser destruído diante de seus olhos, era impossível não pensar em tudo aquilo que vivenciara durante a noite!<br />-- Está tudo bem, Sabrina?<br />A garota olhou para sua interlocutora que a observava com uma expressão de surpresa, enquanto percebia que estava prestes a adicionar um reagente errado a uma fórmula em sua frente. <br />-- Sim, tudo bem sim! - Disse em um sobressalto.<br />Amanda lançou-lhe um olhar de preocupação e voltou sua atenção novamente para suas atividades. A companheira ainda era uma adolescente, então não era de se espantar que estivesse com a cabeça nas nuvens e distraída de vez em quando – mas tal distração poderia ser mortal em um laboratório e ela precisava estar consciente disso, de que poderia representar um risco para si mesma e para os demais. <br />A adolescente, por sua vez, olhava para as próprias mãos enquanto fazia algumas anotações em uma prancheta. Estavam perfeitamente limpas debaixo das luvas, mas ainda podia ver o sangue e a terra nelas, ainda podia sentir a dor dos ferimentos pelo corpo. Por que tais sensações não a deixavam? Em sua vida tivera pesadelos tão mais assustadores do que aquele, então por que não parava de remoê-lo? Por que não conseguia esquecer as sensações experimentadas, não conseguia trazer sua mente novamente para o trabalho? <br />Colocou a prancheta sobre a bancada e apoiou suas mãos, respirando fundo. Fechou os olhos, procurando apagar de sua mente aquelas sensações, procurando concentrar-se em qualquer outra coisa. Porém, ao invés do consolo que procurava, foi invadida por imagens ainda mais vivas e apavorantes: o prédio do centro de pesquisas tomado pela fumaça e pelas chamas, enquanto tudo se consumia aos poucos: laboratórios, salas, vidas! Era como se passeasse por ali sem estar lá, podia observar o transcorrer dos fatos em pânico: as sirenes dos bombeiros, alguns sobreviventes sendo atendidos por ambulância, a dor de quem perdera amigos e conhecimentos naquele lugar. Sabia não se tratar de uma ilusão ou alucinação: era a mesma, a mesmíssima sensação de quando pudera prever a morte de seus pais – a certeza absoluta de que aquele era o futuro, de que os fatos iriam acontecer daquela maneira exata e a vontade de impedir a realização daquilo que vira que a dominava por completo.<br />Sua reação imediata foi gritar, como se assim pudesse espantar todos os seus fantasmas, pudesse impedir que aquelas cenas horríveis virassem realidade! Levou as mãos à cabeça, ainda gritando, como se fosse mais um pesadelo, desejando que fosse apenas mais um pesadelo! Amanda, mais do que depressa, parou o que estava fazendo e se aproximou da colega, agarrando seus pulsos e afastando-os para que pudesse olhar diretamente para seus olhos:<br />--Sabrina, olha para mim, agora!<br />-- Tudo vai explodir, vai pelos ares, precisamos sair daqui, precisamos sair daqui agora, precisamos avisar aos outros... - a garota não conseguia formular pensamentos conexos.<br /> -- Sabrina! Acalme-se! - A pesquisadora sacudiu levemente a colega, em uma tentativa de fazer com que se acalmasse.<br /> -- Precisamos ir embora daqui agora e avisar a todos os outros! - A adolescente respondeu, com lágrimas nos olhos.<br /> Amanda respirou fundo, enquanto pensava em qual atitude podia tomar. Era o que lhe faltava, não havia nada em seu contrato que dissesse sobre socorrer pessoas no meio de crises nervosas! Sabia apenas que naquele estado mental, Sabrina representava um perigo iminente. Era melhor não correr nenhum risco desnecessário permitindo que ela continuasse ali pelo resto do dia. Pegou a companheira pelo braço, ainda transtornada, não se esquecendo de dar-lhe a bolsa, e foram andando juntas até o corredor:<br /> -- Não podemos ficar aqui hoje, você não entende? Vai haver um acidente, o prédio vai pelos ares, tudo vai ser destruído! <br /> -- Pssh... Não precisa falar tão alto e assustar as pessoas. Dá para perceber que não está tudo bem com você. O que acha de ir para casa e descansar pelo resto do dia? Amanhã você retoma os experimentos e tudo estará bem melhor, vai ver só!<br /> -- Mas Amanda, você não entende o que está para acontecer? <br /> -- Vou conversar com o Professor Andrade, não haverá problema nenhum para você por ir embora mais cedo por hoje, tudo bem? <br /> -- Mas não quero ir embora, quero avisar a todos, quero impedir que o pior aconteça!<br /> -- Calma, fique calma que tudo vai se resolver. <br /> Neste ponto, as colegas já estavam fora do prédio e Amanda fazia sinal para um táxi. Não sabia que reagentes químicos podiam causar delírios, mas teria uma conversa séria com o Professor Andrade sobre os acontecimentos daquela manhã: será que era mesmo recomendado ter uma garota de dezesseis anos que perdera os pais recentemente no laboratório? Não seria melhor pagar-lhe algum tratamento psiquiátrico para evitar que surtos como aquele acontecessem novamente e, enquanto não se assegurava que tudo voltara ao normal, mantê-la em casa? A pesquisadora colocou a adolescente no banco de trás do carro e disse ao motorista, após explicar o endereço do destino e dar-lhe algum dinheiro:<br /> -- Não dê ouvidos ao que ela diz, ela está no meio de um surto, está tendo delírios. Leve-a para casa, tudo bem? <br /> -- Avise os outros, Amanda, eles precisam ir embora agora, antes que seja tarde demais!<br /> -- Vai ficar tudo bem... - foi tudo o que ela disse antes que o carro desse a partida. <br /> Sabrina engoliu em seco ao perceber que o táxi andava depressa e dar-se conta da cena que tinha aprontado pouco antes. Não pensava que Amanda ou alguma outra pessoa fosse capaz de compreender o que era ter aquele tipo de visão e saber que correspondia a um destino imperioso, mas não precisava agir como uma maluca! Passou a mão pela testa, molhada de suor, enquanto respirava e tentava ficar calma novamente, pois certamente ninguém daria crédito a alguém que gritasse que o mundo iria acabar a plenos pulmões no meio de uma rua movimentada.<br /> -- Moço, a gente pode voltar? Acho que esqueci meu material no laboratório...<br /> Conforme as instruções recebidas, o motorista ignorou o que a garota disse e continuou seu caminho pela avenida, aproveitando que todos os sinais estavam verdes e não precisaria ficar retido. A adolescente sentiu-se tomada pelo desespero, enquanto não podia mais controlar a tensão e ansiedade de sua voz:<br /> -- Moço, por favor, eu preciso voltar, me leva de volta!<br /> -- Não podemos voltar agora, menina, já estamos quase no destino.<br /> Sabrina conhecia as ruas da redondeza muito bem para saber que ainda demorava um bom pedaço para chegar em sua casa. Precisava ser convincente o suficiente para fazê-lo voltar, precisava evacuar o prédio! Precisava fazer com que acreditassem nela!<br /> -- Por favor, me leva de volta, eu pago o dobro, o triplo do valor da corrida, mas eu preciso voltar para lá!<br /> Sabrina chorava enquanto pronunciava essas palavras, fazendo com que o motorista de táxi desviasse um pouco a atenção do caminho e a observasse um pouco: a menina parecia tão transtornada que não podia acreditar totalmente que não havia motivo para levá-la de volta! Ele mesmo tinha filhas adolescentes e sabia o quanto coisas que para ele pareciam banais para elas representavam verdadeiras tragédias. Talvez não houvesse nada de tão grave assim para que não pudesse levar a garota de volta ao laboratório, ela estava se comportando até muito bem para quem estava no meio de um surto ou de uma crise nervosa... Podia se arrepender do que estava fazendo, mas a levaria de volta ao prédio, conforme sua vontade.<br /> -- Olha, mocinha, vou descer a próxima rua para procurarmos um retorno mais rápido na Marginal, tudo bem? <br /> Sabrina sorriu entre as lágrimas, aliviada, porém tal sensação durou pouco tempo: o carro virou a esquina indicada apenas para deparar-se com um congestionamento a perder de vista! A garota levou as mãos à cabeça, não acreditando que aquilo estivesse acontecendo, enquanto continuava a falar:<br /> -- Não podemos voltar de ré, não tem jeito, nenhum jeito de sairmos daqui?<br /> Não foi necessária uma resposta. Ao olhar para trás, podia ver a fila de carros que já havia se formado atrás do táxi, tornando impossível qualquer manobra. Estavam presos no congestionamento, não havia nenhuma escolha possível a não ser esperar que o fluxo pudesse ocorrer, nem que vagarosamente, para que pudessem virar em qualquer rua e escapar dali!<br /> A garota já não sabia há quanto tempo estavam parados ali: quinze minutos, meia hora, alguns segundos... A noção de tempo já tinha deixado de existir diante do desespero – e tinham andado pouco mais de cinquenta metros neste meio-tempo! A próxima rua pela qual poderiam sair estava dali a cem, será que seria possível alcançá-la antes que fosse tarde demais? Remexia-se no banco de trás do carro: passava a mão pelo rosto, mudava de lugar, olhava pelas janelas esperando ver alguma solução para sair dali! O motorista de táxi procurava uma estação de rádio enquanto dizia, calmamente:<br /> -- Pelo jeito vamos nos atrasar um pouco...<br /> Sabrina colocou as mãos sobre o rosto. Não havia um pingo do consolo desejado naquelas palavras, mas o que poderia fazer naquele momento? Em um impulso súbito, abriu a bolsa depressa, procurando o telefone celular, talvez pudesse ligar para a portaria ou mesmo para o Professor Andrade! Entretanto, não pôde segurar um grito ao se dar conta de que deixara o aparelho em casa! Cada minuto era fundamental, precisava fazer alguma coisa!<br /> Seu desespero transformou-se em pânico quando ouviu as primeiras sirenes e as primeiras ambulâncias correndo em disparada do outro lado da marginal. Caso fosse um acidente de trânsito ou alguma outra eventualidade habitual, não haveria a necessidade de tantos carros – havia acontecido algo realmente grandioso.<br /> Em um impulso, abriu a porta do táxi, parado no congestionamento, e começou a correr no sentido contrário, naquele que as ambulâncias seguiam, numa esperança cega de conseguir chegar a tempo. Tal esperança não durou mais do que alguns metros, até que a jovem caiu de joelhos no chão, não conseguindo mais segurar as lágrimas e os gritos de desespero.<br /> Novamente falhara, não conseguira fazer Amanda acreditar nela, não conseguira voltar a tempo de tentar avisar a alguém, não conseguira mudar o futuro que enxergara! E, novamente, tinha perdido seu próprio mundo... <br /> Não percebeu que o taxista a amparara e levara de volta para o carro, ainda sem entender o que havia com ela, nem que ele ouvira no rádio a notícia sobre a explosão de um laboratório na Zona Norte, associara todos os fatos e fizera algumas perguntas, nem que conseguira explicar o caminho de casa, nem que chegara. Apenas voltou a si quando notou-se deitada em sua cama, abraçada a um travesseiro, chorando todas as lágrimas que tinha e que não tinha.<br /><br />*~<br /><br /> Sabrina abriu os olhos devagar, incomodada pelo barulho do telefone celular que tocava sobre seu criado-mudo. Não percebera que tinha adormecido, talvez tudo aquilo fosse um pesadelo da qual acabara de acordar! Os olhos inchados e ardidos rapidamente demonstraram que não, que tudo aquilo ocorrera de verdade, que aquele não era um pesadelo da qual poderia acordar. Estendeu o braço para pegar o telefone:<br /> -- Alô?<br /> -- Sabrina, está tudo bem?<br /> -- Professor Andrade! - Ela exclamou, em êxtase. - O senhor está vivo! Como estão todos, o que houve, estão todos bem?<br /> -- Calma, teremos tempo para isso mais tarde. - O cientista disse com uma estranha frieza para quem acabara de perder seu laboratório em um acidente. - Amanda me contou o que aconteceu hoje pela manhã.<br /> -- Então todos foram avisados? - O êxtase aumentava a cada palavra.<br /> -- Bom, gostaria de conversar com você hoje. Pegue um táxi às oito horas e venha para o endereço que direi agora. Tem uma caneta por perto?<br /> Sabrina pulou rapidamente até a sala e anotou o endereço fornecido pelo professor, que não estendeu a conversa além deste ponto. Ao reler o endereço, com calma, estranhou nunca ter ouvido falar naquela rua e naqueles pontos de referência anteriormente, mas São Paulo era uma cidade tão grande que a afirmação de que a conhecia por inteiro seria impossível. Agora, restava esperar pela hora combinada e torcer para que tudo estivesse bem! Se todos estivessem a salvo, logo reconstruiriam uma nova sede e poderiam retomar as pesquisas!Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-26424596816398842272010-07-15T18:56:00.000-07:002010-07-15T19:02:05.542-07:00História Inominada - Amostra pt 3<meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"><title></title><meta name="GENERATOR" content="BrOffice.org 3.0 (Win32)"><style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --> </style> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Que lugar... estranho.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Foi tudo o que aquele jovem pôde dizer enquanto observava por trás do visor do capacete. Bairro estranho aquele e não conseguia enxergar o número de onde o pedido tinha vindo! Todas as casas pareciam abandonadas, as poucas vidraças ainda existentes quebradas, a pintura descascada e as paredes cheias de infiltrações, não havia nenhuma pessoa andando pela rua, um único poste iluminava a rua... Aquele lugar exalava decadência, obviamente tinha sido abandonado, como acharia alguém que ainda morava ali?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Não tinha muito tempo para procurar, também, levara mais de uma hora para conseguir encontrar aquela rua! Não que fizesse sentido que uma pessoa naquele lugar encomendasse uma pizza em uma pizzaria qualquer da Zona Leste, pois não seria fácil chegar ali antes que o pedido se transformasse em uma borracha fria, mas quem era ele para questionar a clientela?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> O pensamento pareceu coincidir com o toque do celular em seu bolso, que ele se prontificou a atender:</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Onde você se meteu, bambino?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Estou fazendo a entrega, senhor Nestor.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Ma che, onde você foi se meter? O cliente ligou aqui perguntando pela pizza, mandei o Danilo fazer a entrega e ele já voltou enquanto você passeia por aí! Vou descontar a pizza e a gasolina do seu ordenado!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Mas eu estou aqui na rua Alfredo Flores procurando o número 466!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Alfredo Flores? Enlouqueceu? Era rua Augusto Flores, três quarteirões para cima da pizzaria!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Mas... - O jovem entregador olhava novamente o bilhete onde o endereço fora anotado e lá constava perfeitamente Alfredo Flores!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Não me venha com desculpas furadas, quero você aqui imediatamente ou não vai ter emprego algum amanhã, Henrique!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> O entregador ainda olhava, atônito, para o celular em sua mão, após encerrada a chamada. Tinha sido mandado para o endereço errado, naquele lugar abandonado, correra todos os riscos possíveis de assalto e ainda levara uma bronca do chefe? Era demais para a cabeça dele!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Colocou o telefone no bolso rapidamente, enquanto observava que a luz do poste começava a piscar de uma forma agitada. Era visível que não estava sendo um bom dia, agora era melhor dar partida na moto e sair dali o mais rápido possível! Porém, quando se preparava para sair, pôde ver uma pessoa andando na rua perpendicular àquela, passando pela esquina entre as duas ruas.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Ao observá-la, percebeu se tratar de uma menina, que olhava assustada para os lados, como se estivesse procurando algum lugar e que toda aquela atmosfera de decadência a apavorasse. Que perigo, pensou, como uma garota, sozinha, podia se arriscar a ficar por ali? A chance de que aquele passeio não acabasse nada bem era alta demais para ser ignorada! </span> </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Contrariando o próprio bom-senso, Henrique parou a moto em algum canto um pouco mais escondido e tirou seu capacete, guardando-o. Com um suspiro de auto-reprovação, tirou o celular do bolso apenas para desligá-lo e evitar qualquer outra ligação do chefe naquele momento. Para ser sincero, não sabia por que estava fazendo aquilo, mas havia um senso de necessidade dentro de si que não podia ignorar.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Com passos leves, começou a seguir a garota, para se assegurar que tudo terminaria bem para ela...</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Sabrina estava apavorada, enquanto observava as casas abandonadas com a pouca luz que havia naquele lugar. Por que o Professor Andrade marcara um encontro em um bairro como aquele? O motorista do táxi se recusara a subir aquela rua, desde alguns quarteirões atrás estava andando a pé, sozinha. A cada passo, uma maior dose de medo era injetada em seu sangue. O que cada esquina escura daquelas poderia lhe reservar?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> E aquela sensação que começara pouco antes, de que estava sendo observada? Sentiu o sangue congelar em suas veias, enquanto tornava-se cada vez mais difícil manter o passo. Logo encontraria o Professor Andrade e estaria segura, sua vida não correria risco muito maior do que por aquelas ruas!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Pôde ver um único prédio iluminado pouco a frente. Verificou o número, era exatamente ali o ponto de encontro. Não demorou muito para encontrar uma porta aberta e escadas que levavam ao subsolo iluminadas, como se a trilha já estivesse preparara para ela. Desceu-as devagar, com a esperança de que logo tudo estaria esclarecido e poderia voltar para sua casa!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> No final da escada, havia um pequeno corredor e uma porta, também aberta. Atravessou-a para encontrar um porão ou depósito, com várias caixas de papelão e objetos velhos e diversos espalhados pelo chão. Podia ver também duas cadeiras entre as caixas e, pouco à frente delas, um homem que observava um relógio, de pé.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Professor Andrade! - Ela disse, com alegria na voz.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Bem na hora... - Após dizer isso, a garota ouviu o estrondo da porta atrás de si que se fechava. - Venha cá, Sabrina, e sente-se, temos muito a conversar.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> A jovem aproximou-se das cadeiras e sentou-se rapidamente. Tinha tantas coisas a perguntar! Será que todos estavam bem, que tudo não passara de um susto? E o que estavam fazendo naquele lugar isolado e abandonado, por que não se encontravam em algum escritório do centro da cidade ou em algum lugar mais confortável? Como será que o chefe estava se sentindo com todas as perdas sofridas? Ao observá-lo novamente, percebeu que ele não se sentara e não a olhava diretamente, mas apenas para seu relógio de pulso. Ele voltou a falar:</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Amanda me contou que aconteceram alguns problemas pela manhã e ela te mandou para casa. Você dizia ter certeza de que o laboratório seria destruído exatamente naquele dia e que deveria avisar a todos e ela pensou que se tratavam de delírios.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Sim! - Sabrina afirmou com convicção. - Eu queria avisar a todos para que pudessem fugir e evitar o pior!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Sabrina... <i>Como</i> você sabia que isso estava para acontecer exatamente hoje?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> A jovem sentiu toda a cor escapar de seu rosto ao olhar diretamente para os olhos do cientista logo a sua frente, que agora a encarava. Não era o olhar de alguém que tinha perdido seu local de trabalho ou seus experimentos, mas de uma besta selvagem, de um demônio cujo ódio mais profundo tinha sido despertado. Parecia não estar olhando mais para o mestre simpático, mas sim para um monstro. As palavras morreram em sua garganta antes que pudesse formulá-las. </span> </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- É uma pergunta simples, minha cara. Como você sabia que isso aconteceria? O que você andou ouvindo pelos cantos?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Eu... eu não... eu não... - não conseguia formular uma frase, mas de qualquer forma, como ele iria acreditar que ela simplesmente <i>sabia</i>? E, afinal, por que ela deveria saber de antemão de um acidente?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Eu quero uma resposta! - O cientista colocou as mãos sobre seus ombros e a sacudiu, antes de olhar novamente diretamente para seus olhos. - E pode ter certeza, tenho vários meios de tirar essa resposta de você! Portanto, pense direito...</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> O pânico fazia com que não conseguisse raciocinar direito, ou que seu cérebro funcionasse um pouco mais rápido do que era capaz de entender. Se havia uma possibilidade racional de que alguém soubesse que um acidente ocorreria antes dele acontecer... então não havia acidente algum! E se o Professor Andrade fazia tanta questão assim de saber por que ela sabia o que iria acontecer, bem como não havia nenhuma sombra de tristeza em suas palavras, mas apenas uma frieza infinita, então... então... então...</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Quando concluiu o raciocínio, não pôde controlar o impulso de vomitar.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Henrique observava pela vidraça de uma pequena janela de iluminação do porão o que acontecia em seu interior. Podia ouvir muito pouco do diálogo, mas pelo que tinha conseguido captar, a menina sabia de alguma coisa que não deveria saber! Era melhor continuar a observar para entender o que estava acontecendo.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Por quê? - Foi tudo o que Sabrina pode dizer após sua reação mais física do que desejava.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Eu faço as perguntas aqui. O que andou ouvindo por aí e de quem andou ouvindo?</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Não ouvi nada, não sei de nada!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Não minta, isso só torna as coisas piores. - Não havia nenhum vestígio de qualquer sentimento na voz do cientista. - Sabe, – disse ele, enquanto passou uma das mãos levemente pelos cabelos loiros da jovem – após um acidente de tamanhas proporções, a perícia demora dias para fechar uma lista de mortos. E que falta faria uma garota de dezesseis anos que nem família tem? O que a impediria de ter morrido enquanto cuidava de algum experimento, inocentemente? - Ele aproximou as mãos para o pescoço da jovem e o pressionou, levemente. - Esse foi o seu destino, Sabrina, afinal, você desaparecerá para sempre. Vai se encontrar com Amanda e com os outros.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> A jovem sentiu que o medo se transformava em pânico em seu corpo.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Mas eu nunca soube de nada!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Não minta. - O cientista apertou com mais força seu pescoço. - Sabe, há muitas maneiras de tirar isso de você e nem todas elas são agradáveis. E, lembre-se: sua vida está em minhas mãos agora.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> O professor se afastou, enquanto Sabrina tocava levemente seu pescoço enquanto retomava a respiração agitada e irregular. O que estava acontecendo ali? Em que tipo de pesadelo tinha se metido? E, principalmente, o que poderia fazer para sair dele? </span> </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> O desespero tomou conta de seu corpo e a fez correr até a entrada da sala, tentando desesperadamente abrir a porta de entrada. Precisava fugir dali, o mais rápido possível! O cientista andou vagarosamente até onde estava e, agarrando seus pulsos, atirou-a no chão, de onde o olhava em desespero:</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Você realmente acredita que vai escapar daqui hoje? Vamos, é só me dizer aquilo que quero ouvir, não precisa ser uma experiência dolorosa...</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> O entregador não suportou ver aquelas cenas. Ele precisava fazer alguma coisa, precisava ajudar aquela menina a escapar daquele inferno, não podia ficar simplesmente observando! Distraído como estava, não percebeu que alguém se aproximara dele e encostara um <i>taser</i> em suas costas, para paralisá-lo e eliminar sua visita indesejada.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> “Estranho”, pensou, “cócegas?”. Hora imprópria para sentir cócegas em algum ponto de suas costas. Ao passar a mão na região lombar para entender o que estava acontecendo, percebeu o objeto estranho. Ao virar-se, percebeu o capanga atrás de si, impressionado porque sua arma não surtira efeito! </span> </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Antes de perguntar o que estava acontecendo, Henrique fechou a mão e deu um soco no capanga. Para seu espanto, ele caiu no chão em espasmos, como se tivesse tomado um choque de alta voltagem. Ainda sem entender muito bem o que estava acontecendo, o entregador colocou o <i>taser</i> no bolso de sua jaqueta e correu para dentro daquele prédio. Era melhor salvar aquela garota e sair dali o mais rápido possível, depois procuraria alguma explicação!</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Eu não sei de nada, nada! - Sabrina disse, com um tom de súplica na voz.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Mentiras não vão te salvar e é bom que saiba disso. - O cientista se aproximou de onde a menina estava caída e levantou-a, imobilizando seus braços. - Já que não quer responder por bem, então vou ter de tirar a resposta de você, e não pense que haverá algum príncipe encantado ou super-herói para salvá-la...</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Não – ela disse, suplicando – Não, não... - as lágrimas teimavam em cair de seus olhos.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Neste momento, o som da porta de entrada que era arrombada fez com que a atenção do cientista e da jovem se fixasse em um estranho jovem com uma jaqueta que entrava naquele momento na sala e dizia:</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Solte a garota.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- O que você está fazendo aqui? - O cientista disse, espantado. </span> </p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> -- Não interessa. Eu quero que solte a moça, só isso.</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;"> Sabrina, aproveitando o momento de surpresa de seu antigo chefe, soltou-se e correu em direção ao desconhecido, sua última atitude consciente antes de desmaiar em seus braços. Henrique, antes de qualquer outro acontecimento, pegou-a no colo e saiu correndo pelo lugar onde tinha entrado, o mais rápido possível. Ao sair, perceber outros dois homens tentando socorrer o capanga que tinha derrubado, e que foram em sua direção ao vê-lo. Antes que conseguissem fazer alguma coisa, correu até onde estava sua moto, ajeitou Sabrina da melhor forma que conseguiu e deu a partida, deixando apenas um rastro de poeira atrás de si...</span></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY">
<br /></p> <p class="western" style="margin-bottom: 0cm; line-height: 150%;" align="JUSTIFY"> <span style="color:#000000;">^-^~</span></p> <meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"><title></title><meta name="GENERATOR" content="BrOffice.org 3.0 (Win32)"><style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --></style><meta equiv="CONTENT-TYPE" content="text/html; charset=utf-8"><title></title><meta name="GENERATOR" content="BrOffice.org 3.0 (Win32)"><style type="text/css"> <!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } --></style>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-4478383912852899292008-12-25T15:58:00.000-08:002008-12-25T16:00:49.950-08:00Lágrimas de Fada<div align="justify">- Não quero mais uma fada! </div><div align="justify"><br />Foi tudo o que ele disse para mim, enquanto aqueles olhos verdes chispavam. Nenhuma outra palavra, nenhuma outra expressão. Apenas a decisão de um garoto de dez anos, com aquele olhar sério que nunca tinha visto antes. </div><div align="justify"><br />Os meus olhos azul-dentro-de-azul se arregalaram e minhas mãos pousaram-se sobre meus lábios. A maioria das crianças, assim que dá seus primeiros passos e diz suas primeiras palavras, é presenteada com uma fada-companheira, para que possa ser protegida e ter uma companheira para seus primeiros anos. Eu, Carys, fui a fada designada para acompanhar o pequeno Harald., logo que ele completou três anos de idade. </div><div align="justify"><br />Cheguei, como todas as fadas chegam, dentro de uma estrela-cadente, e não foi difícil apegar-me ao meu protegido. Eu contava para ele histórias durante a noite, acariciava seus cabelos quando se machucava, para que a dor pudesse passar. Encorajava a cordialidade, os estudos, o companheirismo, todas essas coisas que as crianças precisam para crescer. Brincávamos juntos, ríamos juntos, ele me dava lições com aquela sabedoria pura das crianças, mesmo que não soubesse disso. </div><div align="justify"><br />Acompanhava-o junto de seus amigos, onde ficava sobrevoando e observando o transcorrer das brincadeiras. A alegria das brincadeiras infantis me deixava feliz também, mas às vezes eu me sentia posta de lado. Uma fada ciumenta, ora vejam! </div><div align="justify"><br />Entretanto, há um detalhe cruel no contrato entre fadas e crianças: a fada pode acompanhá-la durante toda a sua vida mas, se a criança não desejar mais uma fada, esta poderá ser mandada embora e a criança se esquecerá de tudo aquilo que viveram juntos. Uma fada deve estar pronta para isso – o contrato não será necessariamente eterno, mas poderá ser rompido a qualquer momento. </div><div align="justify"><br />Só que eu... me esqueci disso. Aqueles olhos gentis, aquele cuidado e aquela educação... Como eu não poderia ter certeza de que o contrato não seria eterno? </div><div align="justify"><br />Mas não era e o pequeno Harald, ali em minha frente, repetia o que eu não queria ouvir. </div><div align="justify"><br />- Desejo não ter mais uma fada! </div><div align="justify"><br />Lágrimas cristalinas teimaram em cair dos meus olhos. Como um humano ousa tirar lágrimas de uma fada?, alguém poderia perguntar, mas para mim aquela violação não importava. Meu coração se partira em mil pedaços, meu mundo desaparecera na escuridão. Na verdade... eu fora mandada embora de meu próprio mundo, que se convertia naquele quarto, naqueles brinquedos... e naquela criança. </div><div align="justify"><br />Por quê? Era tudo o que eu perguntava, enquanto voava em disparada para longe dali, daquele mundo que já não pertencia a mim. Seria a escola nova, ingressada naquele ano? Os amigos novos? De repente ter uma fada companheira tornou-se um fardo, uma coisa ruim, e minha presença tornou-se insuportável. Então o que eu tinha feito de errado para isso acontecer? </div><div align="justify"><br />Era tudo o que eu pensava enquanto, sentada no miolo de um girassol, derramava mais lágrimas cristalinas. Importava? Abracei meus joelhos, aninhada entre as pétalas. Foram anos tão especiais para mim, por que acabaram assim tão de repente, como o bater das asas de um beija-flor? Era meu lindo castelo que desabava e me feria com seus escombros. </div><div align="justify"><br />Tantos humanos, monstros e deuses desejavam ter uma fada e, de repente, alguém que a tinha simplesmente a dispensou! E, o que é pior, nunca mais poder ver aqueles olhos, aquele sorriso, ouvir aquela risada, fazer-lhe cócegas! Mas se ele desejava percorrer seu caminho sem mim, o que eu poderia fazer? Se queria sentir as dores do mundo sem uma fada a seu lado, quem era eu para crer no contrário? </div><div align="justify"><br />Continuei voando rumo ao horizonte distante, as lágrimas cobrindo meus olhos. Não percebi quando cheguei à terra das fadas e fui abraçada por alguma companheira. </div><div align="justify"><br />- Carys, como é bom vê-la depois de tanto tempo! </div><div align="justify"><br />Não é preciso dizer que eu não gostaria de voltar. Simplesmente sorri educadamente de volta. </div><div align="justify"><br />- Mas o que houve com você? </div><div align="justify"><br />Contei toda a minha história de meu coração partido para ela, que me olhou com ternura e disse, enquanto acariciava meus cabelos azuis: </div><div align="justify"><br />- A natureza das fadas é tão diferente da natureza dos humanos, minha querida... Mas vai passar, fique aqui em nossos campos o tempo que você precisar. Logo, você vai atender ao chamado de outro alguém e, quem sabe, poderá ser bem melhor do que foi. </div><div align="justify"><br />Assenti, enquanto rapidamente me sentei em uma mesinha de cogumelos em um jardim, onde logo alguma outra fada apareceria para contar as últimas novidades. Sim, algum dia haveria outro contrato, mas, por enquanto, apenas aqueles olhos e aquele sorriso estavam na minha mente. E mais e mais lágrimas de fada insistiam em cair de meus olhos.</div>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-14240207474670348912008-07-08T18:57:00.000-07:002008-07-08T18:59:28.164-07:00O Jovem Aprendiz<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=""> </span>O Jovem Aprendiz estava eufórico naquele Dia Tão Especial! Tinha conseguido pegar ligeiramente emprestado o Grande Livro de Feitiços de seu Poderoso Mestre! Claro, ele estaria com um Problema Muito Grande caso o Poderoso Mestre percebesse o que estava fazendo, mas não se importava com tal possibilidade naquele momento. Seu Caráter Ambicioso fazia com que ele relevasse os riscos, afinal havia um Objetivo Nobre por trás de tal atrevimento!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=""> </span><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">Percorreu rapidamente as prateleiras com os olhos para verificar que tudo estava ali: a escama de uma sereia, um fio da juba de uma quimera, uma unha encravada de um dragão verde dos pântanos... Tivera inclusive de negociar com Mercadores Obscuros para conseguir algum daqueles Ingredientes Especiais, mas não era algo que realmente tivesse importância, exceto, é claro, pelo Considerável Prejuízo em suas finanças.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=""> </span><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">Mas tal sacrifício valeria a pena! Não aguentava mais ter de decorar nomes de Magos Ilustres, ter de elaborar listas de ingredientes e fazer feitiços simplórios como poções do amor! Mas com aquela poção, mostraria ao Poderoso Mestre que já podia lhe ensinar a Feitiçaria Avançada!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=""> </span><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">O caldeirão borbulhava enquanto o Jovem Aprendiz despejava, devagar, trevos-de-quatro-folhas picadinhos. E o que poderia vir depois? Talvez o Poderoso Mestre se assombrasse imensamente com Tamanha Habilidade, talvez dentro de algum tempo poderia montar sua própria loja de poções, talvez o rei o chamasse para fornecer Feitiços Exclusivos, quem sabe logo não teria Jovens Aprendizes, ou até mesmo fosse o Maior Feiticeiro do Mundo?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=""> </span><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">Tais sonhos foram interrompidos por um Barulho Repentino, meio parecido com uma bolha explodindo, bem como por uma Meleca Esverdeada Malcheirosa que se espalhou por toda a sala. Que Amarga Decepção para o Jovem Aprendiz! Não sabia o que era pior: a Vergonha Previsível diante do Poderoso Mestre, o Problema Muito Grande advindo do fato de ter pego o Grande Livro de Magias sem autorização, o Considerável Prejuízo...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;"><span style=""> </span><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; line-height: 150%;">Nada disso, pensou ele rapidamente. Havia uma Consequência Bem Pior. Será que havia algum Feitiço Fácil de Fazer que Desaparecesse para Sempre com aquela Meleca Fedorenta? <span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span></p>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-40287334574872895382008-07-06T14:15:00.000-07:002008-07-06T14:17:02.732-07:00Programação de julho da Prisão de Vidro!A Prisão de Vidro vem convidar seus ilustres leitores para a programação de julho do blog!<br /><br />No dia <span style="font-weight: bold;">08/07</span>, mais um conto da série "Personalidades Fantásticas"! Grandes Buscas, Principes Heróicos, Princesas Encantadas, Grandes Magos, Monstros Horrendos e O Que Mais Houver!<br /><br />No dia <span style="font-weight: bold;">15/07</span>, um conto com uma temática muito sutil de FC, mas que tem como linha condutora as mudanças que uma situação-limite exerce nas pessoas em geral!<br /><br />No dia <span style="font-weight: bold;">22/07</span>, teremos a estréia de uma nova série de contos, chamada "Rock 'N Roll"! Por que não associar duas paixões, a escrita e a música? Por que não sintetizar em um texto as sensações trazidas pelo som muito especial de uma banda? É esta a proposta dessa nova série!<br /><br />No dia <span style="font-weight: bold;">29/07</span>, um conto sobre um tema abstrato! O escolhido do mês foi o tema "Liberdade" - que, como o próprio nome do blog indica, é uma questão presente em todos os momentos, para cada um de nós!<br /><br />Aguardem também as novidades do blog!Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-76129633275265753072008-01-13T12:12:00.000-08:002008-01-13T12:17:21.332-08:00Happy New LifeE 2008 chegou.<br /><br />Promessa de ano-novo? Várias, mas que podem ser condensadas em uma só: olhar com carinho tudo aquilo que andei negligenciando nos últimos tempos. E foram <span style="font-weight: bold;">várias</span> coisas, algumas <span style="font-weight: bold;">essenciais</span> o suficiente para que eu não possa ser uma pessoa completa sem elas.<br /><br />Hora de olhar pra trás, tirar a poeira e tratar de organizar o que precisa ser organizar, limpar o que precisa ser limpo e fazer o que precisa ser feito.<br /><br />Pois o tempo é este.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-9705248056452466852007-09-04T16:09:00.001-07:002007-09-04T16:10:28.292-07:00Terça-feiraEnergia criativa esgotada depois de uma brainstorm-monstro.<br /><br />Tudo bem, não está esgotada.<br /><br />E foi uma sensação MUITO prazerosa.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-65184056925628337432007-08-22T20:35:00.000-07:002007-08-22T20:36:55.897-07:00A Gênese de um Novo Mundo<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Estava diante do Conselho e, podia ter certeza disso, não havia uma única sombra de dúvida transpassando sua alma sobre qual seria a atitude a ser tomada. Não temia a reação dos Conselheiros – e nem teria o que temer, afinal, o máximo que poderiam fazer seria rir das requisições de uma “criança insolente”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O Conselho era a autoridade máxima da Colônia – e não era difícil administrar pouco mais do que as duzentas e cinquenta pessoas que ali viviam naquele momento. Provavelmente, no futuro, findos os testes, enviariam mais duzentos indivíduos para compor a população local e talvez, caso aquele fosse um local viável, mais algumas centenas de pessoas para ali recomeçarem a vida.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao pensar em tal fato. Tinha plena consciência, desde que estudava na nave colonizadora, que o pedido a ser feito dificilmente seria aceito, mas arriscava apelar aos Conselheiros por um pouco de humanidade. E, talvez mais do que isso, lutar pelo que realmente fazia diferença a ele?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Sempre soube estar do lado de uma das pessoas mais especiais que jamais haviam existido no universo inteiro. Não por ser descendente dos genomas mais nobres já passados pelo planeta Terra, por ter sido criada como uma grande esperança e um grande passo para um avanço científico. Como clamar por humanidade de pessoas que nunca perceberam o quão frágil ela era?<span style=""> </span>Que nunca a ouviram chorar após acordar de um pesadelo ou mesmo tomá-la braços quando se sentia sozinha.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não saberia dizer quando começara a amá-la, talvez ao ver os olhos negros fitarem com curiosidade as paredes metálicas da entrada da nave e assustarem-se ao perceber que o interior da sala onde passaria a maior parte das horas dos próximos anos se parecia com a idéia de uma biblioteca européia de muitos séculos anteriores. Ali teria sua educação formal e seria preparada para o dever já determinado para ela e sobre o qual nunca teve escolha.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Talvez fosse uma coincidência adorável para as pessoas acima deles que ela houvesse ficado órfã ainda tão cedo e não tivesse pessoas a quem preocupar quando estivesse de partida para Alfa-Neo-Gaia. Provavelmente, o único adulto que a vira como uma menina que precisava de educação e afeto tinha sido o tutor para ela designado – seu padrinho, era um favor político a permissão para levar consigo o afilhado igualmente órfão e sem muitas perspectivas na Terra, apenas mais um na multidão.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Agora, ousava postar-se diante dos mesmos adultos e clamar por sua piedade...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Qual é o pedido que justifica a audiência perante este Conselho, meu jovem?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Por que, pelo menos por uma única vez, não vêem Alissa mais como uma garota e menos como um experimento em suas mãos? Vim aqui para expor minha disposição em desposá-la.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Os cinco Conselheiros riram-se como se o maior absurdo já dito naquele quadrante galáctico tivesse sido proferido. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Acha que as decisões já planejadas e delineadas por anos seriam impedidas pelo simples capricho de um adolescente? O Dr. Hershells não conseguiu demonstrar a importância que Alissa tem para nós?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O jovem, porém, estava firme em sua convicção. A felicidade de Alissa estava em suas mãos, não havia ninguém que a pudesse fazer mais feliz. Como podia se esquecer, nos anos passados no interior na nave colonizadores, das vezes que, em contato com outras crianças e adolescentes ali presentes, não olhavam e tratavam sua amada como uma figura mítica, como a protagonista de algum conto infantil ou uma pessoa que não compartilhava a mesma realidade deles? Ou mesmo os olhares de desdém, como poderia não repará-los?<span style=""> </span>Mesmo os adultos a apontavam quando se encontravam pelos corredores: era aquela a Herdeira, a garota que, ao chegarem a Alfa-Neo-Gaia, seria uma das principais responsáveis pelos testes de viabilidade da colônia. <span style=""> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Devia ser porque não eram eles que enxugavam as lágrimas de Alissa quando ela desejava ser tratada como uma igual e não como uma deusa-viva, ou mesmo<span style=""> </span>quando os comentários mordazes eram inevitáveis, quem a consolava. Porém, sempre havia alguém para lembrar que ela era descendente de uma “linhagem nobre” da Terra – como se aquilo, naquela época, fizesse realmente alguma diferença – e caberia a ela o teste máximo da viabilidade da Colônia se auto-sustentar: os efeitos de uma gravidade e atmosfera diferentes do planeta-natal na concepção e desenvolvimento de um embrião. Seria um procedimento relativamente simples, caso fosse usada a inseminação artificial tão comum na Terra em qualquer uma das tripulantes a bordo, mesmo que os genes utilizados fossem os da “linhagem nobre” a qual Alissa pertencia,. Entretanto, não era possível, dadas as condições de Alfa-Neo-Gaia, a utilização em larga escala da inseminação artificial assim como ocorria na Terra. Havia os equipamentos básicos para o cuidado com a saúde dos colonos, mas o novo mundo seria povoado da mesma forma que o antigo havia sido - seria mais adequado, inclusive por todo o significado cultural e até mesmo ritualístico que representava. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Foi uma enorme audácia do Dr. Hershells deixar que um pivete como você convivesse com Alissa por tanto tempo, pensamos nas mais diversas formas de puni-lo por isso! Mas, no fim, sua existência é até bem útil, meu jovem, não pensamos no psicológico de Alissa e é conveniente para nossos fins que ela esteja tão apaixonada por alguém. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ao ouvir tal voz, o jovem sentiu um nojo tremendo e não pôde evitar lançar um olhar do mais puro ódio à direção de onde ela tinha vindo: Magnus Godchild. Desde a primeira vez que o viu, ainda nos primeiros dias na nave colonizadora, ainda quando era uma criança, o odiou instantaneamente. Os olhos de quem se considerava superior a toda a realidade que o rodeava, o sorriso de quem via não mais do que um inseto em sua frente, como se sua superioridade fosse tão óbvia que todos deveriam ajoelhar-se aos seus pés e desejar longa vida. Inclusive, não era surpresa alguma ver o recém-chegado como Conselheiro – afinal, não era ele um dos homens mais inteligentes da Terra, um dos responsáveis por toda a articulação que levara a nave-colônia para Alfa-Neo-Gaia – e certamente uma das pessoas que traçara o destino de Alissa?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Afinal, a tarefa de dar a luz ao primeiro filho de Alfa-Neo-Gaia era bem simples, não fosse pelo fato de que misturar o sangue nobre de Alissa com algum mero colono seria um enorme desperdício. O primeiro filho, o Descendente da Herdeira, deveria ser fruto da mais nobre das linhagens humanas restantes naquele tempo. A pessoa mais indicada, no caso, seria Magnus Godchild, descendente de uma das famílias mais ricas da antiga Terra, responsável atualmente por parte do financiamento do projeto de expansão espacial, mas que construíra a maior parte de fortuna pisando nos cadáveres gerados pela indústria armamentista. Não foi muito difícil para o cientista, já conhecido nos meios acadêmicos desde a adolescência – ouvira seu padrinho comentar certa vez que talvez pelas enormes injeções de recursos de sua família - , carismático natural e um político dentro das ciências, ser o nome mais cotado para tão honrosa tarefa.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O jovem não podia deixar de pensar que o projeto que envolvia Alissa parecia apenas um disfarce para a ambição de um velho pervertido, possuir um dos maiores legados genéticos da história da humanidade. Para que o Descendente da Herdeira também fosse seu próprio descendente, o herdeiro dos Godchild. Muito conveniente para aqueles que se propunham ser a gênese de um novo mundo! Desde criança, desde quando ainda era inocente o bastante para não perceber os olhos carregados de luxúria, odiava as poucas vezes em que se esbarravam pelos corredores, em que ele fazia questão de frisar o quanto Alissa crescia para se tornar uma garota mais bonita a cada dia. Podia também ver a expressão no olhar da amada, de nojo profundo. Poucas semanas antes, ao chegarem a Alfa-Neo-Gaia, Alissa não pôde acreditar que seria ele seu futuro consorte. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Desde que soube da natureza do destino de Alissa, apesar dos ciúmes e da vontade de tê-la para si, além da revolta por não terem dado a ela nenhuma escolha, compreendeu que não sairia jamais de seu lado, mesmo sabendo que ela invariavelmente seria tocada por algum outro homem. Mas, ao conhecerem identidade desse outro homem, não puderam evitar que a indignação profunda os tomasse. Por que justo Magnus Godchild? Por que justo aquele por quem ambos nutriam um nojo profundo?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Alissa tentou se manter forte, inclusive contemporizando, ao dizer que, afinal, tinha sido criada para tal tarefa. Entretanto, não foi difícil encontrá-la chorando em seu quarto durante as primeiras noites na Colônia, a forma como ela segurava sua mão para que não a deixasse sozinha. Ainda mais quando o casamento fora anunciado para dali alguns dias, não podia suportar sua amada não conseguir fazer as refeições ou não dormir durante a noite. Sua revolta era indisfarçável, assim como a impotência diante das circunstâncias. Fora criada para cumprir seu destino e sabia que não restava alguma escolha a ela, a não ser obedecer. Sempre fizeram questão de deixar bem claro que não cabia questionar, apenas aceitar. Tinha tido a chance de uma vida melhor, criada de uma forma mais atenciosa do que a maioria das crianças em sua situação e tinha uma missão que ninguém além dela seria capaz de cumprir. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Porém, ele tinha a coragem de tentar alguma mudança, por mais que alimentado apenas por uma esperança que saiba ser vã. Ao contrário da Herdeira, entretanto, fora criado para não ter nada a perder – então, o que lhe custava tentar clamar pela humanidade daqueles homens? Ou ela teria ficado na antiga Terra, ao se instalarem na Colônia? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Jean... Você é apenas uma criança estúpida que não entende a profundidade dos assuntos onde está tentando se meter. E lembre-se: o simples fato de poder colocar os olhos em Alissa deve-se apenas, e pura e simplesmente, à nossa boa-vontade. E tente não perdê-la, pode ser muito pior para você. – Magnus se limitou a dizer.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Está encerrada a audiência, meu rapaz. Faça a gentileza de se retirar da sala – disse apressadamente um dos outros Conselheiros.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Jean riu com um certo sarcasmo, enquanto saía da sala. Como se pudessem fazer alguma coisa a ele naquelas circunstâncias! Era apenas uma criança estúpida? Em sua cabeça, estava muito clara a real natureza do destino dado a Alissa e faria tudo o que estivesse em seu alcance para modificá-lo. Os Conselheiros ainda o respeitariam, veriam que havia nele muito mais do que um órfão levado à Alfa-Neo-Gaia pela caridade de um cientista!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Tinha certeza de apenas uma coisa: faria mais a diferença para a Colônia do que qualquer um deles! <span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span><span style=""> </span></p> <br />***<br /><br />Um clichê velho de roupa nova.<br /><br />Mas gostariam de ouvir mais histórias de Alissa e Jean? Pois eu gostaria de contá-las...Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-47406975743651589172007-08-01T12:38:00.000-07:002007-08-15T18:16:18.827-07:00E vejo mil anos passarem pelos meus olhos...Idéias para algumas centenas de crônicas, mas todas elas muito mais pessoais do que aquilo que estou disposta a registrar aqui.<br /><br />Mais tarde volto com alguma que não seja tão íntima.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-64291100342697708882007-06-28T10:59:00.000-07:002007-08-15T18:17:53.627-07:00Epidemia<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">- Aperte... logo... o gatilho!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Eu, apavorado, apenas ouvia essas palavras de meu chefe, poucos metros em minha frente. Minhas mãos tremiam enquanto apontavam uma arma em sua direção, certamente não conseguiria atirar sem acertar alguma das mesas ou equipamentos ao invés de extermina-lo! Mas eu não conseguiria, era meu mestre ali!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Seu rosto se contorcia e eu podia ver as veias de seu pescoço saltarem, enquanto um grito de dor ecoava pela sala. Seguimos todos os procedimentos de segurança, por que aquilo tinha de ter acontecido? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Somos pesquisadores do Governo, aquele era o projeto de uma arma biológica capaz de exterminar todo um exército em poucas horas! Era simples: o agente atingiria a corrente sanguínea do indivíduo, paralisando todos os seus nervos e matando-o em alguns poucos segundos. Espalhado por avião, contagiaria os soldados inimigos e os aniquilaria rapidamente. Uma guerra poderia terminar em menos de uma semana, com o máximo de aproveitamento!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Estávamos já nas fase dos últimos testes quando percebemos que algo tinha dado errado. Ao injetarmos o agente em uma cobaia, primeiramente podemos observar seus músculos contraírem e seus olhos injetarem, para em seguida ser possuída por uma sede irracional e incontrolável de sangue. E, o que parecia pior: os animais que não tinham seu sangue drenado desenvolviam os mesmos sintomas e comportamento. Foi preciso atirar neles, com uma arma que havia no laboratório para alguma emergência, para que pudessem parar. Em pouco menos de uma hora, toda uma população de cem ratos havia se tornado um exército de bestas sedentas por sangue.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O Professor tomou uma delas, a única que poupamos para que pudéssemos analisar o que ocorrera de errado, porém, na tentativa de extrair seu sangue, acabou sendo mordido. Passamos por momentos de profunda agonia e nos iludimos com a sensação de que o contágio não passaria para os humanos, mas não foi necessária mais de meia hora para ele apresentar os primeiros sintomas – e o quadro não parava de evoluir, por mais que tentássemos revertê-lo. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Mas não poderia matá-lo, não o homem que tinha me dado uma chance para iniciar minhas pesquisas!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- ATIRE AGORA!!!!!!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Fechei os olhos com todas as forças, como para acordar de um pesadelo. Silêncio. Talvez fosse melhor que o Professor sucumbisse, poderia continuar as pesquisas do ponto onde pararam e corrigi-las.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ao abri-los, porém, não tive tempo nem para ficar surpreso. Os olhos maníacos olhavam diretamente para os meus, enquanto uma das mãos imobilizava aquela que segurava a arma e nós dois caíamos sobre uma das escrivaninhas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Professor!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Nenhuma resposta, apenas a respiração afetada de uma besta pronta para devorar sua presa. A força já não parecia humana, era como se estivesse preso por chumbo ao piso do laboratório, meu corpo estava imobilizado e eu sabia intimamente que já não tinha salvação.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Antes de sentir seus dentes em meu pescoço, podia pensar apenas em dias negros que espreitavam a humanidade... </p> <br />***<br /><br />Resident Evil e survial games congêneres? Não, neeeeeem um pouquinho inspirado nisso, imagina...<br />E isso porque disse que voltaria a atualizar o blog. Mas que blogueira vergonhosa eu sou!Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-43433074386352559272007-04-23T21:02:00.000-07:002007-04-23T21:03:30.044-07:00Anjo da Tempestade<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Desde os primeiros dias de sua infância, Lilly fora ensinada a crer no Anjo. Eram lendas antigas, contadas aos pés das fogueiras, diziam que o Anjo viria e os redimiria de todos os erros e pecados. Que, para que ele agisse na vida de alguém, bastava acreditar que ele pudesse surgir e um milagre poderia acontecer.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Desde que aprendera a fazer preces, todas as noites ajoelhava-se aos pés de sua cama, desejando a visão do ser que a redimiria de toda a escuridão. Dirigia-lhe palavras doces, desejava encontrá-lo, desejava conhecer o paraíso que ele proporcionaria àqueles que tivessem fé.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Todas as noites, obedecia ao mesmo ritual. Dirigia palavras ao Anjo para que a abençoasse, assim como a todo o seu povo. Enquanto criança, tais preces eram até mesmo esperadas mas, com o passar dos anos, era com olhares de recriminação e mesmo com risos de escárnio que era recebida ao contar sobre sua fé. Aquela era apenas uma lenda, deveria crescer e deixar de acreditar em tais histórias infantis. Não deveria orar por um anjo redentor, afinal quem viria a seu socorro?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não que esperasse que o Anjo solucionaria todos os seus problemas, mas sabia que ele lhe daria forças para lutar. E, mesmo durante a adolescência, ouvindo protestos de pais e conhecidos, continuava a ajoelhar-se por todas as noites, aos pés de sua cama, repetindo a mesma doce oração. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Continuava a crescer. Ao olhar uma rosa amarela, imaginou que seu Anjo estivesse nela, mas tropeçou e acabou por se ferir nos espinheiros. As lágrimas de dor não foram contidas e um pensamento era inevitável: “por que ele não pôde me proteger?”.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ainda assim continuou com suas orações diárias, as palavras doces maculadas por um certo amargor. <span style=""> </span>Ouvia risadas, afinal, anjos não pertenciam ao mundo material, por que perder seu tempo com divagações?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Imaginou tê-lo visto no meio de um lago. Ao tentar alcançá-lo, a força da correnteza a afastou e, se não fosse por alguns passantes muito solícitos, teria sucumbido. Então ele não viria por ela quando precisasse?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Continuou as orações, as palavras tornaram-se ásperas. Não tinha a intenção de desistir, mas seu Anjo não seria apenas uma história infantil, como sempre lhe disseram? Começava a acreditar em tal hipótese. Sua fé começava a se abalar. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>E quantas pessoas não viam que menosprezavam a figura do Anjo? Usavam-no para justificar seu próprio egoísmo, sua própria inépcia. As pessoas o invocavam sem nem se importar com o que representava, apenas para procurar uma figura para usar de justificativa para sua futilidade. Enojava-se por essas pessoas. Como podiam menosprezar sua fé, o que o Anjo para ela representava? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Encontrou-se também com pessoas que o menosprezavam, quase blasfemavam. Essa é apenas uma idiotice para crédulos, era o que diziam. Não conseguia conviver com essas pessoas, discordava veementemente delas! Horrorizava-se com suas palavras, com seu descaso!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Em uma noite tempestuosa, Lilly ajoelhou-se para seu ritual diário. O coração tremia assustado pelos fortes trovões e relâmpagos da tempestade, mas não deixou de pronunciar nenhuma de suas palavras habituais. Deitou-se um tanto quanto assustada, mas acabou por adormecer.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Foi o mais real de seus sonhos. Estava em um campo florido e uma figura a observada, sorrindo o sorriso mais encantador que jamais vira. Ele sussurrou seu nome, enquanto aproximava-se com um buquê de rosas apanhado na hora:</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Lilly, Lilly, minha pequena Lilly...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Quem é você? – Tinha uma imensa certeza de quem era, mas a pergunta foi inevitável.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Aquele para quem fez suas preces por todos esses anos. Estarei sempre aqui com você, Lilly, a protegê-la de todo o mal, para redimi-la de seus erros quando for a hora certa.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A garota não resistiu ao impulso de abraça-lo – e como eram confortáveis seus braços! Como sentia-se reconfortada, como era aquele o lugar onde sempre desejou estar! Por toda a noite, ele a tomou pela mão e passearam juntos pelos campos floridos sem fim, entre sorrisos e risadas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Foi com uma expressão desapontada que acordou, que percebeu estar na sua cama, em seu quarto. Apenas um sonho? Apenas o sonho com o maior de seus desejos? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ao apoiar-se para levantar de sua cama, percebeu tocar pétalas de rosas vermelhas. Na verdade, toda a sua cama e quarto estavam repletos de pétalas, assim como o sol brilhava do lado de fora.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não pôde deixar de rir. Então, não precisava ter medo, sua fé era real! Seria redimida de seus erros e levada ao paraíso pelo Anjo – mas aquele não era seu paraíso particular, onde passara toda a noite? </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Tinha um enorme sorriso nos lábios, que ali ficaria perpetuamente. E ainda sentia em seu corpo o calor do Anjo e a certeza que ele sempre a acompanharia.<br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">***<br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Brega? eu sei.<br />Simbolismo paulocoelhiano? eu sei.<br />Mas quem se importa?<br /></p>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-67105090727503438892007-04-18T19:49:00.000-07:002007-04-18T19:50:38.345-07:00Prelúdio de Sombras<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Era uma daquelas noites em que apenas as estrelas salpicavam o céu com seu brilho. A pequena vila acalmava-se com o fim das atividades diárias, fossem elas o trabalho de artesãos e camponeses ou mesmo as funções exercidas pelos sacerdotes no templo. Uma tênue fumaça saía de algumas das chaminés relevando que a última refeição do dia estava sendo preparada e o brilho de alguns lampiões podia ser visto através das janelas, revelando habitantes que ainda se mantinham despertos.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Apesar do momento de descanso diário se aproximar, havia uma agitação na praça central da cidade. Em torno de uma fogueira, algumas crianças olhavam para o homem de idade avançada que olhava para elas fixamente, enquanto andava com passos exagerados e ameaçadores para a direção onde estavam sentadas:</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Podem ver as luzes da fogueira? As chamas que se lançam aos céus, as sombras que dançam pelo chão... Pois é. A luz afasta as sombras, as espanta, porém se não há luz, a tendência delas é tomar tudo aquilo que tocam...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Algumas crianças olhavam assustadas para as sombras assustadoras que se formavam no chão, como se dançassem sobre elas, como se fossem engoli-las. Apenas uma delas as olhava com desdém, como se nada fosse capaz de apavorá-lo ou fazer um mínimo arranhão em sua auto-estima.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Por que vocês têm medo delas? Elas não podem fazer nada contra nós, são apenas imagens!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O ancião riu da petulância do garoto que se levantava com um sorriso desafiador após dizer a frase.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Mas as Trevas se aproximam, pequeno Gareth, e você precisará de toda a força que guarda dentro de si para poder sobreviver.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>As crianças se entreolhavam apavoradas, enquanto Gareth sussurrava algo como “não tenho medo”, sem perder o sorriso de uma superioridade auto-imposta. O ancião também sorria, admirado por ver como aquele menino, mesmo com dez anos, já tinha uma personalidade tão desafiadora. Não podia esperar menos do Primogênito dos Olhos do Céu, muito menos por ser filho de quem era. Era certo que ele realizaria grandes feitos quando fosse mais velho. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Mas vocês não precisam ter medo. Se a luz permanecer dentro de vocês, as sombras jamais poderão entrar. Jamais se esqueçam disso.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Os olhos curiosamente de cores diferentes de uma menina começaram a lacrimejar. Estava apavorada, como sempre se apavorava em todas aquelas conversas, tinha medo dos monstros que pudessem devorá-la na escuridão. Todas as noites tinha pesadelos sobre ser abandonada por todos, ter de fugir de monstros maiores e mais fortes do que jamais seria, de desaparecer na escuridão sem fim. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Não precisa chorar, eu vou proteger você.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Sentiu uma mão delicadamente enxugando suas lágrimas e ao olhar para frente, viu Gareth com um sorriso gentil. Aquele menino tão destemido ousava prestar atenção nela, preocupar-se com seus medos! Podia sentir-se um pouco mais confortável.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Por sua vez, um sorriso melancólico percorria o rosto do ancião. Pobres crianças, mal podiam imaginar os tempos sombrios que estavam por vir...<br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">***<br /></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Brincando com Gareth e Aurora.<br />Vocês ainda ouvirão falar deles.<br /> </p>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1176222378037585372007-04-10T08:34:00.000-07:002007-08-15T18:17:22.584-07:00Sobre Árvores... Mas Principalmente Sobre EstrelasTá, isso não é um conto. É uma reflexão.<br /><br />Por que montar um blog? Por que um dia, há dois anos, tive a vontade, impulso e desejo de montar um blog?<br /><br />A primeira - e talvez mais óbvia das razões - era me forçar a escrever nem que fosse um texto por semana, com uma "deadline" de toda terça-feira. Por mais que um texto ruim fosse gerado, era um texto ruim. E, na sábia lição de uma das pessoas que mais admiro, "a chave de tudo está na regularidade. Saramago escreve duas páginas por dia. Duas páginas por dia dão mais de 700 por ano, dão dois livros". E foi pela busca dessa regularidade - pelo menos de prática, apesar da qualidade vir com a reiteração, esta não é garantida no mais das vezes - resolvi fazer um conto pequeno, que coubesse no blog, por semana.<br /><br />Por um ano, funcionou. A seguir, hiatos. Criativos ou mesmo de minha própria mente. Claro, meus próprios compromissos profissionais e pessoais também contribuíram. Não mexo com palavras apenas na ficção, sou uma arquiteta delas em minha profissão também. Em cada palavra, um sentido. Em cada sentido, uma consequência. Logo, a busca do melhor dos sentidos... Mas enfim, não só de pão vive o homem. E meu prazer está longe de ser apenas aquele que me é oferecido por minha profissão.<br /><br />E mais do que isso: a escrita está intimamente ligada ao espírito. Se você não está em harmonia, não adianta. A vontade de escrever se esvai, a inspiração cai por terra. Escrever é principalmente um ato de paixão. Pelas palavras, pelas histórias, pelos personagens, pelas circunstâncias.<br /><br />E o que é a vida de um bardo sem a paixão? O que move um bardo sem suas histórias, sem poder transcrever seu mundo para as outras pessoas? Mesmo para um bardo oprimido por uma prisão de vidro, por que não contar as histórias que enxerga através dela?<br /><br />Pois foi isso que pensei ao criar esse blog. Em contar as histórias que enxergo por minha prisão de vidro. Não é um local confortável de se estar, mas não é nenhum inferno. E só consigo suportar a vida dentro dela por saber que há um mundo lá fora. Que não posso tocar, mas posso ver, sentir... E que, mais ainda, a única forma como poderei tocar esse mundo é contando histórias sobre ele.<br /><br />Mas há um outro sentido em ter um blog, um sentido extra além de poder contar histórias e não me sufocar.<br />Contar histórias é minha maneira de estar perto de alguém. Cada letra, cada suspiro, cada gotícula de inspiração serve para aproximar... Como se fossem pequenos pedaços de meu mundo que eu deixasse demonstrar. Cada letra, cada sílaba, cada pequena palavrinha são uma maneira de conectar mundos, aproximá-los, torná-los próximos.<br /><br />Então, que voltemos a contar histórias.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1169602006337959822007-01-23T17:25:00.000-08:002007-08-15T18:14:39.115-07:00Gotas Urbanas<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Nem me lembro como o conheci e, naquela<span style=""> </span>altura do campeonato, nem interessava. Não sei o que me atraiu nele, talvez a expressão sempre sisuda e o porte elegante de um rapaz mal-saído das fraldas que já queria enfrentar o mundo, quase um lobo querendo fundar sua alcatéia. Acho que gostava de espiar aqueles olhos verdes e esperar um sorrisinho sacana em seu rosto, qualquer coisa que lhe arranhasse a máscara de “eu sou melhor que você” que inconscientemente vestia dia após dia.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Quando o conheci, nem sabia mais o que esperar da vida. Minha instabilidade emocional corroia-me dia após dia, talvez eu fosse meio masoquista, gostava de me machucar evitando os sentimentos certos e buscando relacionamentos auto-destrutivos. Com ele foi diferente. Ele não precisou de muito para que eu me envolvesse, assim como para tornar-se essencial em minha vida.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Era uma tarde modorrenta de verão, mais uma em que eu o encontrava na saída do prédio comercial moderno no centro da cidade, na minha imaginação parecia um garoto de programa com aqueles ternos caros e bem cortados, prostituindo-se em uma empresa para conquistar fama e fortuna. Eu, metida em minhas calças jeans e camisetas de estudante universitária, cumprimentei-o com um sorriso breve, logo retribuído.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não que tivéssemos qualquer coisa, apenas rolava uma tensão resistível entre a gente. Talvez fosse a vontade de puxá-lo pela gravata e fazer sexo no meio da rua, sem me importar muito com convenções sociais, ou talvez a paz que ele me trazia com suas palavras cotidianas. Vizinhos de bairro, pegávamos o mesmo ônibus e quase fazíamos força para nos esbarrar o dia inteiro no horário de trabalho dele e de estudos meus. Acabamos descobrindo muito um do outro, acabei acreditando naquelas babaquices de igrejas, buquês e vestidos brancos, desde que fosse com ele. Tudo bem, sempre fui meio estranha e contraditória mesmo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Conversávamos as bobagens de sempre, dessa vez qualquer coisa sobre Almodóvar. Não que eu soubesse muito mais do que o lido em capas de DVD’s e resenhas sobre seus filmes – e sabia que a recíproca era verdadeira - , mas para mostrar-me minimamente antenada com alguma coisa minimamente inteligente. Nem percebemos o céu fechado e muito menos o trovão, mas o assunto só saiu enlatado quando a chuva caiu forte.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Trouxe uma sombrinha? – Ele disse olhando para mim.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Não!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A solução foi nos abrigarmos debaixo de uma marquise. Era engraçado ver as pessoas correndo desesperadas fugindo das forças que agem acima de nós. A água caindo caudalosa, os pingos se espatifando no chão, nos telhados, em todos os lugares. E aqueles olhos verdes compenetrados na água que caía e no caos urbano instalado.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>A vontade foi irresistível.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Vamos!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Puxei-o pelo braço – a primeira vez que nos tocamos – e logo estávamos no meio da rua, tomando um belo banho de chuva. No começo, podia senti-lo hesitar, talvez medo de molhar o terno de marca, mas pouco depois, quando viu que já que estava na chuva era para se molhar, com o perdão do trocadilho e lugar-comum inevitáveis, resolveu se entregar. Olhei para trás, vi que ele sorria. Mais, que ria. Quase como uma criança grande brincando de executivo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ri de volta. Ríamos, nos molhávamos, ignorávamos os olhares de censura das pessoas na rua. Por um momento, pareceu que o mundo parou, apenas o gelado dos pingos atingindo a pele – e o quente de sua mão tocando a minha – importava. Por um momento, éramos duas crianças urbanas nadando em um mar de edifícios e confusões cotidianas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Nunca tinha sentido que ele fosse tão humano, capaz de rir, brincar, brilhar os olhos. Parei, molhada, olhando para ele, sorrindo, encantada pelo seu jeito tão encantador. Ele me beijou de pronto, afogando-me com o mais saboroso dos beijos, enquanto eu estava sedenta pelo próximo. Beijávamos, consumíamos um ao outro, sentíamos a água, o tesão, tudo junto se acumulando de uma vez só. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Nossa primeira vez ocorreu pouco depois, sob as gotas quentes do chuveiro da casa dele. </p> ***<br /><br />Conto vomitado.<br />Diferente no estilo, mas pelo menos é algo coerente...<br /><br />Tentando me reencontrar no meio de um Lego gigante de possibilidades...Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1161818212615697432006-10-25T16:14:00.000-07:002007-08-15T18:14:39.115-07:00Príncipe Heróico<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Depois de procurar O Mais Isolado dos Castelos, enfrentar o Dragão Guardião e procurar A Mais Alta Torre, finalmente tinha alcançado o fim de seu treinamento de Príncipe Heróico e estava a poucos passos de cumprir aquilo que estava escrito, despertando a Princesa Adormecida para futuramente casar-se com ela e herdar todo o seu próprio reino!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ela estava deitada numa cama no meio do quarto, o Príncipe Heróico deu solenes passos em sua direção. Segundo a Antiga Lenda, bastava apenas Um Beijo, um Único Beijo, para quebrar a Maldição e despertar a Princesa Adormecida!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Enquanto a observava em seu sono profundo, não podia negar que ela era bonita. Não parecia ter muito mais do que dezesseis anos, os cachos castanho-avermelhados caíam levemente por seu rosto e ombros, os lábios rosados pareciam um botão de rosa pronto para ser tocado pelos seus... Vai ver seria agradável ser seu marido e Senhor de um Vasto Reino.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Mas... E as horas cavalgando sozinho pelos campos, enquanto treinava? E a busca pelas Maiores Aventuras, a luta com Monstros Horrendos, os desafios a Lutadores Poderosos, as caçadas aos Dragões Mágicos – e, claro, encher a cara de cerveja na taverna enquanto desfiava seus Grandes Feitos?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Trocaria tudo isso por horas diante da lareira, um cachorro correndo no tapete junto das crianças pequenas, a Princesa Adormecida amavelmente bordando brasões a seu lado?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Definitivamente, não.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>O Príncipe Heróico deu meia-volta. Logo apareceria outro Dragão Guardião e a Antiga Lenda seria cumprida por Alguma Outra Pessoa.</p>Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1155091910606766702006-08-08T19:51:00.000-07:002007-08-15T18:16:18.828-07:00ObservaçãoPodem ficar tranquilos que sai atualização ainda essa semana ;-)<br /><br />Mas não hoje...Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1154475540411119712006-08-01T16:32:00.000-07:002006-08-01T16:42:30.926-07:00Petardo Filosofal IIInsatisfeito com a evasiva da Voz Cavernosa, o jovem cavaleiro continuou sua Busca. Arriscando sua vida, estava no cume da Maior das Montanhas, onde a Grande Mãe Que Tudo Ouvia poderia respondê-lo.<br />Fez então A Maior das Perguntas, e uma Voz Magnífica respondeu:<br />- Ponha o casaquinho para não ficar resfriado!<br /><br />***<br /><br />Tamanho do texto proporcional ao meu tempo livre disponível.<br />Mas o texto de semana que vem será grande, esperem, confiem e confiram =PAna Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1153856915681930892006-07-25T12:43:00.000-07:002007-08-15T18:14:39.115-07:00Tróia e Olhos Negros<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Meninas que se refugiam em bibliotecas não parecem ser as pessoas mais interessantes do mundo. Pelo menos é o que a maioria das pessoas acha – ou principalmente elas mesmas acreditam piamente. Afinal, ninguém costuma prestar atenção naquelas que vivem abraçadas a livros, entre prateleiras e cheirando a mofo. As outras meninas costumam ser milhares de vezes mais interessantes.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Pelo menos, atrás de meus óculos e meus livros, minha linha de pensamento é essa. Posso ver fadas e brincar com elas, além de tocar estrelas com a mão só para descobrir que elas são fofinhas e possuem cinco pontas. Afinal, ter seus próprios mundos é bem interessante, assim como passear por ele enquanto as pessoas ao redor parecem presas na realidade comum.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>E eu sentada e encolhida pensando em meus mundos... Foi quando ele apareceu. O dono dos olhos negros! O coração palpitava, mas o que uma garota de livros teria de interessante para oferecer?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- No que está pensando agora? Parece tão concentrada...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Ah! Ele falou comigo!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Tróia! – Foi a primeira coisa que meus lábios balbuciaram.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Os olhos negros me fitaram com espanto. Ah, por que fui abrir minha boca! Se minha fama de maluca já é grande, imagine então ouvir uma resposta tão... abstrata! O que ele deve estar pensando de mim agora?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Não que esteja falando uma mentira... Adoraria conhecer Tróia, talvez seja meu reino imaginário predileto. Como seria ver de perto Zeus e Atena? Ou mesmo a armadura de Aquiles resplandecer? Talvez ver os raios de sol brilharem no mar azul coalhado de navios, talvez passear pelas ruas e rezar em templos de mármore.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Talvez me perder nos meandros de minha imaginação. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>E perder junto minha grande chance! O dono dos olhos brilhantes depois de ouvir uma frase dessas não tentaria conversar comigo de novo! E não tenho coragem para iniciar uma conversa com ele. Minhas pernas tremem só de pôr os olhos nele, o que dizer de ter um diálogo minimamente inteligente! E quantos diálogos imaginários criei e treinei imaginando a hipótese de que ele viesse falar comigo! <span style=""> </span>Para na hora que meu sonho finalmente se realiza balbuciar algo sem o menos nexo lógico!</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>- Ora, mas eu sempre torci para Heitor...<span style=""> </span>– Ele respondeu sorrindo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Retribuí o sorriso numa surpresa feliz. Será que poderia falar de Tróia e todos os meus mundos com ele, será que poderia partilhá-los com alguém? Será que alguém não me acharia maluca por meus sonhos e devaneios?</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>Bom, só tinha uma maneira de saber...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style=""> </span>E talvez meninas de bibliotecas pudessem até mesmo ser enxergadas por aqueles olhos tão lindos...</p> ***<br /><br />Ficou meio bobinho, mas espero passar a idéia do texto.<br />É idéia antiga, mas ganhou mais força ultimamente.<br /><br />Bom, faz quase um ano que mantenho esse blog, com alguns hiatos. Que esses hiatos não mais existam. Porque não fiz um blog para genialidade, fiz para não ser refém de algo maldito chamado "inspiração".<br /><br />Inspiração é o de menos, o que existe é treino, paciência, perseverança.<br />E são essas as qualidades que desejo como escritora. Hoje é nosso dia, não é mesmo, 25/07! Feliz dia do escritor pra quem se envereda por essa filosofia de vida, então...<br /><br />E tentando evitar hiatos.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-14848245.post-1151505302724862272006-06-28T07:32:00.000-07:002006-06-28T07:35:02.740-07:00Petardo FilosofalApós empreitar a Grande Busca, seguir as Trilhas e procurar os Rumos, o jovem cavaleiro estava ali, diante do Abismo Final, onde todas as suas perguntas seriam respondidas.<br /> E, depois de fazer A Maior Das Perguntas, uma Voz Cavernosa ressoou, fazendo tremer toda a terra:<br /> - Não perturbe, estou vendo jogo.<br /><br />***<br /><br />Microconto para não deixar a atualização em branco.Ana Carolinahttp://www.blogger.com/profile/02460677048507241876noreply@blogger.com3